Empréstimo: Cliente antigo pode se beneficiar com queda de juros

Clientes antigos podem se beneficiar com a onda de queda nos juros iniciada na semana passada pelo Banco do Brasil e seguida por Caixa, HSBC, Banrisul, Santander, Bradesco, Itaú. As quedas ocorrem depois de a presidente Dilma Rousseff reclamar que o BC baixa os juros que cobra dos bancos (nesta quarta, baixou de novo, agora para 9%), mas os bancos não repassam a queda aos clientes.Diante das notícias o cliente pode tentar renegociar a dívida. Em entrevista, especialistas no assunto responderam as dúvidas mais comuns dos endividados. Veja:1) Eu tenho dívidas em um dos bancos que anunciaram corte nos juros. As taxas ficaram menores automaticamente ou preciso fazer alguma coisa?Na interpretação de Carlos Tadeu de Oliveira, gerente de Testes e Pesquisas do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), as novas taxas de juros de cheque especial e créditos rotativos do cartão, por exemplo, devem passar a valer imediatamente para todo mundo – sejam novos ou antigos clientes. Mas, no caso do que foi contratado anteriormente, com juro prefixado – como o financiamento de um veículo – é preciso renegociar. Na dúvida, converse com seu gerente.2) Como eu posso renegociar a dívida para aproveitar os juros menores?Oliveira cita três possibilidades: refinanciar a dívida mais cara diretamente na instituição; pegar um novo empréstimo com taxa melhor e quitar a dívida anterior; ou se valer da portabilidade de crédito e transferir a dívida para outra instituição financeira.3) Como sei se vale a pena trocar a dívida?O consumidor precisa, primeiro, entender exatamente o que está pagando. “Vá ao banco e peça um demonstrativo da dívida, com projeção das prestações faltantes e solicite um documento com os valores, caso vá liquidar a dívida à vista”, orienta Oliveira, do Idec.Com o documento em mãos, pesquise, entre os bancos, o que oferece as melhores condições – que não se restringem às taxas de juros."Muita gente tem uma falsa noção de que basta olhar a taxa de juros para saber se é mais vantajosa ou não. Mas os bancos não cobram só juros, existem taxas, impostos, outros valores agregados", destaca Renata Reis, especialista em Defesa do Consumidor da Fundação Procon-SP. "O interessado tem que verificar o Custo Efetivo Total (CET), que deve constar em contrato, isso é uma obrigação legal."4) Como eu faço para comparar as condições oferecidas pelos bancos?É fundamental que a comparação entre os bancos leve em consideração sempre o mesmo valor de empréstimo e igual número de prestações – para não haver distorções. Para que o cliente não se perca entre nomes de tarifas e números variados, uma maneira simples de saber qual banco oferece melhor condição é comparando o valor da prestação."A pessoa pode fazer uma pesquisa pela parcela. Ela se informa em todos os bancos, usando o mesmo prazo e valor, e compara a parcela, para ver qual é mais barata", Samy Dana, professor de Finanças da escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP). "O critério é quanto vai sair no total – sempre evitar custos embutidos."Oliveira, do Idec, diz que, ao optar pela transferência da dívida para outro banco que oferece taxa menor, mas alongando o prazo de pagamento, o consumidor pode ter prejuízo. "Se for diluir em mais prestações, tem que fazer o cálculo para saber o custo efetivo total, porque pode não vale a pena, ainda que os juros sejam menores."5) Ok. Entendo que vale a pena trocar de banco? Como faço?Caso o consumidor opte pela portabilidade de crédito – ou seja, decida migrar sua dívida para outra instituição –, essa transferência é isenta da cobrança de taxas, como a de liquidação antecipada.Oliveira, do Idec, destaca que o banco não pode impor nenhuma condição, que não tem o direito de não aceitar o pedido de portabilidade e lembra que o consumidor não tem que pagar taxa nenhuma pela portabilidade.A quitação de dívida com o banco do qual pretende transferir a dívida deve ser feita pelo banco para onde o consumidor está levando o financiamento – e não pelo próprio cliente. "O novo banco credor liquida a dívida diretamente com o banco de origem.""Qualquer oferta que for garantida para o consumidor, solicite por escrito. Antes de assinar, verifique se está condizente com o que foi dito", diz Renata, do Procon-SP. Os bancos também não podem exigir a contratação de um determinado serviço ou produto para aceitar a migração. "O Código de Defesa do Consumidor continua proibindo a venda casada", lembra a especialista.6) O banco diz que oferece taxa de juros a partir de 0,90% ao mês, mas quer me cobrar 3%. Por que não posso ter a taxa mais barata? Os bancos levam em conta, para determinar a taxa de juros, o perfil de cada cliente – assim, a taxa não é a mesma para todos. Contam pontos na redução da taxa o relacionamento do tomador do empréstimo com o banco (se é cliente ou não, há quanto tempo, quais produtos tem), além do histórico de crédito – quem já esteve inadimplente pode ter que pagar juros maiores em um novo empréstimo."Foram mexidas as taxas de cheque especial e crédito rotativo, mas ainda tem uma margem enorme para mexer. Algumas variam, por exemplo, de 0,99% a 4%, é muita elástica", lembra Oliveira, do Idec.Os bancos, no entanto, têm critérios diferentes para determinar os juros cobrados de cada cliente. Assim, para encontrar a melhor condição para cada perfil, é preciso pesquisar e comparar.Fonte: G1