Samu é denunciado por negligência ao CRM após não enviar ambulância

Um representante comercial denunciou na tarde desta quarta-feira (3) ao Conselho Regional de Medicina (CRM) uma médica plantonista da central do Samu por negligência durante pedido de ajuda no bairro Lourival Parente, zona Sul de Teresina.Evelin Santos/Cidadeverde.comMarcos levou o caso ao CRMMarcos Sousa conta que sua mãe, Maria Quitéria de Sousa, aposentada de 73 anos, caiu da cadeira e bateu com a cabeça no chão. Ela estava imobilizada por volta de 15h. O filho narra que ligou para o Samu e foi informado pela telefonista que não possuía veículo. Depois, passou o telefone para uma médica.Ele explicou o que havia ocorrido com Maria Quitéria de Sousa. Na versão do denunciante, a médica teria dito: "Quem cai de uma cadeira não tem nada demais". Marcos ficou enfurecido com a resposta e o diagnóstico por telefone e reclama que a médica ainda deligou na sua cara. Indignado, o representante comercial ligou para o Corpo de Bombeiros solicitando uma ambulância. Dona Maria Quitéria foi levada para o Hospital São Marcos, mas acabou internada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT). O Samu informou que a quarta-feira foi um dia atípico, com duas ambulâncias quebradas. Além disso, alega que, de acordo com as informações prestadas por Marcos, o caso seria de queda e a paciente apresentava "dores no pescoço", o que fez a médica indicar, inicialmente, que não era caso para envio do veículo. Por fim, a médica teria advertido que desligaria caso Marcos não baixasse o tom da voz. José Ivaldo, diretor clínico do Samu Teresina, informou ao Cidadeverde.com que situações de discussão no telefone são frequentes nas ligações para o número 192. Em uma investigação preliminar, ele obteve a informação de que Marcos teria desligado sem dar maiores informações e depois ligado novamente, mas somente para reclamar. "Essa pessoa voltou a ligar duas vezes, mas só falou com as telefonistas. Se recusou a falar com a médica, apesar da insistência da telefonista", disse. O diretor clínico do Samu relatou que mais duas pessoas telefonaram sobre o caso, mas não estavam no local com a paciente para dar informações, o que vai contra o protocolo nacional para o envio de ambulâncias. Ciente da denúncia feita ao CRM, José Ivaldo informou que o Samu está de portas abertas para fornecer as informações necessárias, mas não recebeu denúncia formal que ensejasse uma investigação interna. Regras para envio de ambulânciaO Samu só libera ambulância após o médico definir que o caso é prioritário para o atendimento. Mas o serviço sofre com ocorrências que não existem ou de menor gravidade, que não precisariam do resgate. "Às vezes se descreve um quadro de situação gravíssima e termina se convencendo o médico de mandar a ambulância avançada, com UTI móvel. Quando se chega lá, não é absolutamente nada. Isso acontece com bastante frequência e tira a possibilidade da ambulância atender outro paciente de maior gravidade", diz José Ivaldo, ao explicar os procedimentos para envio. O diretor clínico pede que quem ligar para o serviço confie no médico e siga suas orientações. "Desarme-se quando ligar para o Samu. As pessoas não podem se chatear com a orientação. Quando o médico diz que não é necessário usar ambulância, siga as orientações. Se chatear, brigar, xingar, não vai o mudar o caso. (...) As pessoas podem ligar sempre para o Samu, todas as vezes que necessário. Na maioria das vezes, não é necessário ambulância". José Ivaldo acrescenta que Teresina tem mais ambulâncias que o definido pelo Ministério da Saúde. Além disso, a capital é uma das que mais envia ambulâncias no Brasil, em parte por também atender casos não tratados em outros estados, como pacientes obstétricas. Yala Sena e Fábio Limaredacao@cidadeverde.com