Governo Federal diz que país ainda pode crescer 3% este ano

Os Estados Unidos devem sair em breve da crise financeira iniciada em 2008. Ao mesmo tempo, problemas fiscais na Europa e uma desaceleração da China indicam uma lenta retomada global. Esse cenário, descrito por uma qualificada fonte da equipe econômica, levou o governo a traçar um diagnóstico: o setor externo não auxiliará no crescimento. E como antídoto, a economia continuará dependendo do mercado doméstico. Tanto do consumo das famílias, quanto do investimento privado, com as concessões.O governo vai manter em 3% a previsão de crescimento da economia quando enviar ao Congresso o relatório bimestral sobre o Orçamento no fim do mês. O Banco Central reviu a projeção para 2,7%, mas a equipe econômica pretende manter a expectativa de maior crescimento como um esforço a ser perseguido.O governo avalia que a economia teve um desempenho melhor no segundo trimestre, apesar da queda pontual da produção da indústria em maio. Fontes ressaltam a resistência industrial na média de três meses.Aos poucos, o setor de manufatura estaria se recuperando.Segundo o IBGE, a economia brasileira cresceu 0,6% e ficou abaixo das expectativas. Na contabilidade dos técnicos, pesa como fator favorável o fato de que o segundo semestre terá mais dias úteis que o primeiro semestre. E isso pode indicar maior produção e consumo.Exportações. O governo não aposta nas exportações para sustentar o crescimento, apesar da valorização do dólar frente ao real. O crescimento puxado pelo consumo das famílias será mais lento, mas ainda tem espaço para crescer. Nos últimos meses, o maior endividamento e o freio no crédito bancário limitaram a expansão do consumo, mas essa situação aos poucos apresenta melhora, de acordo com uma alta fonte da equipe econômica.A grande esperança de um crescimento mais acelerado está nos investimentos atrelados ao programa que concederá para a iniciativa privada 10 mil quilômetros de ferrovias, 7.500 quilômetros de rodovias, centenas de terminais portuários e campos de petróleo e gás. A carta de ouro na manga da equipe de Dilma Rousseff é o campo de Libra, cujo tamanho e atratividade para investidores só perde para depósitos na Arábia Saudita, que não vão a leilão.Nesse cenário, de baixo aumento do consumo e grande expectativa para investimentos, o governo avalia que foi até onde pôde. Vai cortar gastos de custeio da máquina e adiar alguns investimentos públicos.Mas bateu o martelo e vai manter cortes de impostos e o Minha Casa Melhor, a linha de crédito barato para mutuários do Minha Casa, Minha Vida mobiliarem os imóveis com eletrodomésticos e móveis.Inflação. A retração nas vendas do varejo no início do ano, influenciada pela alta dos preços, fez o governo direcionar todas as baterias para o combate à inflação. A crise de credibilidade que abala a política fiscal dificulta o trabalho e há consciência de que será preciso entregar resultados antes de comemorar. Ninguém esquece de que o BC promove um ciclo de aumento dos juros que, torce o governo, causará pouco impacto na atividade econômica. A ordem é evitar gastos públicos que joguem mais lenha na inflação.Outra medida que cria forte expectativa em Brasília é o desmonte de aumentos de Imposto de Importação concedidos para proteger alguns setores da competição externa.Espera-se, com isso, o recuo de empresários que elevaram os preços em até 20% na ausência de concorrentes internacionais.O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou essa estratégia na sexta-feira e anunciou que o governo deve bloquear R$ 15 bilhões em gastos do Orçamento neste ano. Não deve ser a última vez.A ordem é fazer um acompanhamento "na boca do caixa" e se Estados e municípios descumprirem sua parte no esforço fiscal, por exemplo, a União pode ser obrigada a abrir mão de outros R$ 20 bilhões em gastos ou investimentos.Fonte: Estadão