Secretário denuncia poluição por falha de estações no rio Poti

Gestores do meio ambiente de Teresina e do Piauí trocaram acusações em debate no Jornal do Piauí desta segunda-feira (19), a respeito da poluição no rio Poti. Enquanto o secretário estadual Dalton Macambira apontava falta de fiscalização por parte da capital, o secretário municipal Agamenon Bastos rebatia apontando problemas nas estações elevatórias que acabam por jogar dejetos no rio. Fotos: Evelin Santos/Cidadeverde.comRubens Luna, Avelar Amorim, Agamenon Bastos e Dalton MacambiraO debate foi suscitado pelo programa especial "Teresina 161 anos: quem ama, cuida", exibido pela TV Cidade Verde no dia 16 de agosto. A reportagem principal do aniversário da cidade foi sobre o rio Poti, percorrendo toda a sua extensão, desde a nascente. Falta de esgotamento sanitário, dragagens, desmatamento e outros problemas foram detectados.Dalton Macambira afirmou que mesmo com 100% de coleta de esgoto na capital os aguapés continuariam a existir. Segundo o secretário, há uma cultura de se lançar diretamente nas galerias pluviais o esgoto in natura, o que deve ser fiscalizado pela prefeitura. Além disso, o gestor relatou a suspeita de que o aterro sanitário pode estar prejudicando o lençol freático na capital. Agamenon Bastos reagiu respondendo que tem fiscalizado as galerias e constatado que órgãos governamentais do Estado contribuem mais para a poluição do que as ligações clandestinas. "Atualmente quem mais polui o rio Poti são as estações elevatórias administradas pela Agespisa e licenciadas pela Semar", declarou o secretário. Segundo ele, o resultado do monitoramento, iniciado há um mês, será entregue para a Agespisa e Ministério Público. O secretário municipal de Meio Ambiente mostrou ao Cidadeverde.com fotos de dejetos sendo lançados perto da ponte Juscelino Kubitschek e da estação elevatória da Ladeira do Uruguai, que estaria com problemas e permitindo o lançamento de esgoto durante todo o dia. Marco regulatórioDalton Macambira lembrou que foi assinado um marco regulatório com o governo do Ceará. Ele também defendeu que o Piauí precisa construir as barragens de Castelo e Milagres, que ajudarão a perenizar o rio.  Rubens Luna, secretário de Meio Ambiente do município de Buriti dos Montes, lembrou que o marco regulatório só foi firmado após ação civil pública movida pelo Ministério Público e cobriu ações conjuntas, um modelo de gestão a ser seguido por Piauí e Ceará. "O rio vai morrendo aos poucos sem que haja uma política de investimento. Infelizmente, vamos sofrer muito em Teresina. Tudo o que for feito no alto, vai ter reflexo aqui".O secretário de Buriti dos Montes ainda denunciou que há exploração de ouro na região e o envenenamento de peixes por pescadores, o que pode contribuir para a poluição. "Não vejo que temos solução a curto e médio prazo. O futuro está sendo muito cruel se continuarmos com essa ineficiência na gestão dos recursos públicos".O ambientalista Avelar Amorim também defendeu a ação conjunta. "Você chega a conclusão de que a busca de solução é na visão de bacia hidrográfica. Não é localizada. É preciso observar a bacia do rio Poti como um todo e adotar um modelo de gestão com responsabilidades compartilhadas", avaliou Amorim, que pediu a criação de um fórum de gestão das bacias.Agamenon Bastos, secretário de Teresina, defendeu que a Agespisa faça algo semelhante ao que ocorre no Distrito Federal, onde aguapés do Lago Paranoá são retirados para serem transformados em adubo. Fábio Limafabiolima@cidadeverde.com
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