243 estudantes são presos na Venezuela

Após o desmonte de quatro acampamentos de estudantes opositores em Caracas, na madrugada dessa quinta-feira (8), a Venezuela teve um dia de tensão. A prisão de 243 jovens, durante a operação, gerou revolta de parentes e novos confrontos entre manifestantes e policiais em pelos menos três pontos da cidade até a noite.Além das prisões e do adiamento de uma reunião, o dirigente do partido Vontade Popular, Leopoldo López, preso desde o dia 18 de fevereiro, teve a audiência de julgamento cancelada, quando já havia sido levado ao tribunal. De acordo com os advogados de López, a audiência foi desmarcada sob a alegação de que não havia "expediente". O julgamento não foi remarcado e a defesa alegou não ter recebido nenhuma notificação sobre a nova data do julgamento."Hoje, a Justiça injusta escondeu-se. De que tem medo? Da verdade? Eles sabem que devo ser libertado", declarou Lopez, citado na página da rede social Twitter pelo seu partido.A detenção dos estudantes foi considerada uma operação “surpresa” da polícia venezuelana. O ministro do Interior, Miguel Torres Rodriguez, disse à televisão estatal VTV que a ação lançada na madrugada tinha como objetivo “destruir os acampamentos” porque os estudantes  “praticavam atos terroristas", como incendiar carros de patrulha da polícia e arremessar coquetéis-molotovs contra as forças de segurança.Um dos líderes dos estudantes, Juan Requesens, informou que seus companheiros sofreram "uma emboscada", mas garantiu que os jovens vão "prosseguir a luta por seus direitos".A Venezuela vive manifestações diárias e protestos, pacíficos e violentos, desde fevereiro. Os primeiros foram feitos pelo movimento estudantil, mas alguns setores da sociedade também começaram a mobilização contra o governo e em prol de mais segurança pública, abastecimento, controle da inflação e liberdade de expressão.A violência dos confrontos entre estudantes e outros manifestantes e as forças de segurança já provocou 41 mortes e mais de 813 feridos, de acordo com números oficiais. Segundo o Ministério Público, as denúncias de violações de direitos humanos e abusos de repressão por parte das autoridades estão sendo investigadas.Ao enfrentar um cenário instável, o presidente Nicolás Maduro aceitou a participação da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) como mediadora nos diálogos, e uma comissão  de chanceleres reuniu-se em pelo menos três ocasiões no país, no mês passado, com representantes da sociedade civil, do governo, dos empresários e da oposição.Após a destruição dos acampamentos, uma reunião entre o governo de Nicolás Maduro e representantes da Mesa da Unidade Democrática (MUD), que reúne partidos opositores, também foi adiada para a semana que vem.Os acampamentos destruídos eram considerados os “últimos redutos de resistência” em Caracas. O principal estava situado em frente às instalações do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).Três meses após o início da onda de protestos, o país continua dividido e polarizado, apesar dos insistentes chamados de diálogo e da mediação da Unasul. As pesquisas mostram desgaste da imagem presidencial.Em abril, uma pesquisa da Hinterlaces mostrou que 52% da população venezuelana acreditam na capacidade de Nicolás Maduro para solucionar os problemas do país e 46% avaliam que ele não tem a capacidade necessária. Em outra sondagem, o Instituto Datanalisis revelou que seis em cada dez venezuelanos estão insatisfeitos com a gestão de Maduro.Fonte: Agência Brasil