"Escapei por pouco", diz vítima de maníaco das travestis

A morte de Makelly Castro, travesti encontrada com sinais de enforcamento nesta sexta-feira (18), na zona Sul de Teresina, deixa claro o risco que correm os homossexuais que fazem programa. Ela teria sido a vítima fatal de um homem que anda em um carro vermelho e estaria agredindo travestis em Teresina. Bárbara, 32 anos, foi atacada há cerca de dois meses e contou ao CidadeVerde.com o que aconteceu. Ela crê que o mesmo agressor seja o algoz nos dois casos e critica o descaso das autoridades. 

“Eu fico no centro à noite, mas sempre por volta da uma, duas horas da manhã, eu fico na região próxima ao Banco do Brasil e Itaú, na Frei Serafim, porque é mais movimentado. Há menos de dois meses, chegou um rapaz baixinho, entroncado, moreno, com cabelo curto e sem camisa, em um Palio Vermelho de quatro portas, vidro fumê, dizendo que queria fazer o programa. Eu disse o valor e ele falou que era caro, mas depois aceitou. Eu percebi que havia algo errado, mas fui com ele para um estacionamento. Ele pediu que eu ficasse de costas e nesse momento deu um pulo que eu caí sentada e ele ficou me enforcando. Desacordei. Fui salva porque uma amiga, meu anjo da guarda, chegou e um mototaxista viu e jogou a luz nele e disse pra ele não me matar”, relembra.

Bárbara afirma que o agressor aparenta ser calmo e tem preferência por travestis loiras, com cintura fina, magras, com um biotipo mais feminino. “Ele tinha alguma experiência com luta porque o movimento que ele fez não era comum. Não dá chance pra você se defender. Ele queria me matar. Eu escapei por pouco, nasci de novo”, afirmou. 

A travesti diz ter denunciado o seu caso à polícia que não conseguiu identificar o agressor e impedir a morte de Makelly. “Eu já tinha registrado dois B. O.s e a polícia não fez nada. Eles podiam ter pegado as imagens das câmeras da Frei Serafim. O problema é que ninguém quer investigar porque ‘quem morreu é só mais uma bicha’. Ninguém se importa”, reclama. 

“Eu conhecia a Makelly, ela era experiente, morou em São Paulo. Aquilo só aconteceu porque deve ter levado ela pra longe”, acrescenta.

Mais casos A travesti Camila, 26 anos, que trabalha no centro da capital, conta que há relatos de pelo menos outras cinco vítimas. “Ele pega as travestis, espanca, tenta matar e ainda rouba. Passa algum tempo e depois volta a atacar”, descreve. 

Carlos Lustosa Filho redacao@cidadeverde.com