O maior ídolo da torcida do Flamengo está de malas prontas para a Índia. Serão três meses e meio como treinador no Goa FC, clube-franquia da nova liga local, Indian Super League (ISL). Acostumado a desbravar países sem tradição no futebol (Japão e Uzbequistão, por exemplo), o ex-jogador embarca no fim desta semana em busca de abrir o caminho para outros treinadores brasileiros.
"A Liga tem oito clubes, turno e returno. Espero ficar lá até dia 20 de dezembro, data da final do campeonato. Vai ser uma experiência boa, um mercado que está abrindo. Aqui está muito difícil para trabalhar. A Índia não tem resultado nenhum no mercado asiático, assim como foi no Japão. A diferença é que o futebol profissional já existe lá, diferente do que encontrei no Japão", comparou Zico.
O convite para integrar a ISL foi feito pelo ex-jogador Beto Silva, que atuou durante 10 anos no país. No Brasil, ele jogou na Cabofriense. Hoje, ele atua como empresário de futebol.
"Futebol da Índia está crescendo e o Zico tem tudo para fazer a liga crescer mais ainda, como foi no Japão. Duas empresas se uniram para formar a Liga. Grandes nomes estão chegando para se juntar, como Del Piero, Trezeguet e outros. Depois de um mês conversando, deu tudo certo", comemorou Beto.
Acostumado ao diferente, aos desafios, Zico se mostra disposto, como se fosse um iniciante na carreira. A vontade por mostrar que é útil ao futebol mundial move o treinador.
"Estar em novos lugares, no início dos projetos, mexe comigo. Ninguém faz nada sozinho. Apenas acredito em projetos e levo o meu conhecimento para ajudar no desenvolvimento destes centros. Não adianta ter os melhores jogadores e treinadores no Catar, por exemplo, porque não vai a lugar nenhum. Tem que mudar a cultura do futebol. Alimentação e religião influem no resultado do futebol. Tem que ter a intenção de mudança.
Aprendi nos diversos lugares que passei, como Uzbequistão. Se o Iraque e o Irã não tivessem problemas internos, eles seriam grandes centros, pois têm jogadores de qualidade. Minha vontade é abrir espaço para os profissionais do Brasil", destacou Zico.
Como curiosidade da estada na Índia, o brasileiro vai morar em um estado chamado Vasco da Gama, justamente o maior rival da época de Flamengo.
"Trabalhar no estado Vasco da Gama é uma inspiração. Foi sempre um grande rival, de uma grandeza e que valorizou o meu trabalho. Como o Vasco treina aqui (CFZ), vou treinar no de lá", brincou Zico.
Mesmo sabendo que o cricket é o primeiro esporte na Índia, Zico não perde a esperança de poder formar novos atletas do futebol e mostrar que a população de mais de um bilhão de pessoas tem mão de obra qualificada.
"Fui para o Japão formar jogadores japoneses. Conquistei tudo como profissional. O que mudou a minha vida não foi mais um título, mas ajudar a desenvolver o futebol por lá. Espero ajudar neste crescimento da Índia também", frisou Zico.
Fonte: Terra