Atirador de chacina escolheu 5 vítimas e prometeu voltar para nova matança

Um povoado de 200 habitantes em choque e sem compreender como um filho da terra resolve matar à queima roupa cinco pessoas em um raio de menos de 500 m sem nenhuma discussão ou bate-boca. O clima é de medo e desolação entre os moradores de Palmeira de Cima, no município de São Miguel do Tapuio, a 227 km de Teresina. A chacina provocou pânico e deixou o município de luto. Para os moradores, ele escolheu as vítimas e prometeu voltar para nova matança.

A chacina teve início por volta das 12h30 de ontem quando o acusado Clewilson Vieira Matias, 34 anos, conhecido como Chiê, foi informado da existência de um abaixo assassinado pedindo a sua expulsão. 

Primeira vítima: a mulher

Indignado com o boato do abaixo assinado, Clewilson foi até o seu esconderijo e pegou duas armas. Uma ponto 40, de uso exclusivo da polícia e um revólver calibre 38. Ele escondia as armas em um buraco dentro do quarto do casal. Sua mulher, Maria Moreira do Nascimento, 35 anos, agente de saúde, tentou impedir a saída do marido, que segundo testemunha, estava transtornado. Ela o agarrou, e gritava pedindo que ele não saísse. No desentendimento, ele disparou seis tiros, todos no rosto da esposa. O filho de 17 anos, que deixava o irmão na escola, foi o primeiro a se deparar a mãe morta.

“Até ontem era um marido exemplar. Não sei explicar o que aconteceu. Estamos arrasados. É uma dor muito grande”, disse o pai de Maria Moreira, João Bento do Nascimento, 59 anos, que chorava a morte da filha.

Segunda vítima: professor de informática

Em fúria, Clewilson pega uma moto e sai de casa. A cerca de 50 m encontra o professor Roberto Brito Bastos Crisóstomo, 50 anos. Ele seguia para a escola municipal onde iria ministrar aula de informática. Segundo testemunhas, o acusado sacou a arma e disparou dois tiros nas costas do professor e em um golpe final disparou o terceiro na cabeça. O professor morreu na hora e deixa uma mulher grávida de oito meses e um filho de dois anos.

Professor de informática Roberto Bastos e esposa

Terceira vítima: o estudante de 18 anos

Em sua rota da morte, o acusado se encontra com o estudante de 18 anos, Sidney Tavares Silva. Ele estava deixando sua mulher na escola em uma moto. Populares contaram ao Cidadeverde.com que ele puxou Sidney da moto e disparou mais dois tiros. A mulher do estudante desesperada suplicava para que ele não a matasse. O pai do estudante, Antônio Tavares, chocado disse que não entende a motivação do crime. “Eles eram amigos, meu filho chegou a trabalhar para ele. É uma surpresa e estou sem entender o que aconteceu”, disse o pai do estudante.

Quarta vítima: líder comunitário

Após matar no meio da rua o estudante, o acusado, segundo a Polícia, seguiu para a residência do líder comunitário Juvêncio dos Reis da Silva, 65 anos. O presidente da Associação dos Moradores estava sentado na mesa para almoçar com a esposa quando, Clewilson chegou enfurecido. “Ele já chegou atirando. Não falou nada, disparou de três a quatro tiros contra Juvêncio”, contou Zoé da Silva Batista, 45 anos, que há quatro anos tem união estável com o líder comunitário. Zoé disse que tentou socorrer o marido, que levou três tiros e uma facada na barriga.

Líder comunitário Juvêncio Reis e sua mulher

Quinta vítima: comerciante

Jogando baralho com três amigos, o comerciante Cláudio Barros de Oliveira foi surpreendido com um disparo na barriga. A bala transfixou e foi parar nas costas. Atordoados, os amigos saíram correndo. Ele teria dito: “Não precisam correr, já fiz o que tinha que fazer”. Cláudio era compadre de Clewilson. 

O delegado Laércio Evangelista, que investiga o caso, disse que a ira de Clewilson teria sido uma possível reunião feita pelos moradores para pedir a expulsão dele do povoado. “Eles não estariam mais tolerando o Clewilson no povoado. O acusado responde por crime de tráfico”, disse. O coordenador de operação do Gtap, Josué Saraiva e Silva, acredita que o acusado teve um surto após consumo de drogas. “Ele só não matou mais gente porque a arma deu problema”, disse.

Estudante Sidney Tavares

A população teme que ele possa voltar e provocar nova chacina. Cerca de 25 homens estão na cidade reforçando a segurança. Populares contaram ao Cidadeverde.com que ele prometeu voltar para concluir o serviço. A polícia faz busca no local, fechou as fronteiras e usa o helicóptero para localizar o  acusado que está foragido. 

 

Flash Yala Sena (direto de São Miguel do Tapuio) yalasena@cidadeverde.com