Morre aos 90 anos a cantora e apresentadora Inezita Barroso

Morreu, neste domingo (8), a cantora e apresentadora Inezita Barroso. Aos 90, completados no último dia 4, ela estava estava internada no Hospital Sírio Libanês desde o dia 19 de fevereiro. A notícia foi divulgada por Sonia Abrão, em seu Instagram: "Morre Inezita Barroso! Ela estava internada no Hospital Sírio Libanês. O velório será amanhã na Assembléia Legislativa. Luto na música sertaneja!", escreveu a jornalista e apresentadora.

Em entrevista a QUEM, o empresário de Inezita, Clodoaldo de Moraes, afirmou que, por ela estar de férias, não teve contato físico desde novembro, quando houve uma apresentação em evento de uma rede de farmácias. “Depois de dezembro só falei com ela por telefone. Ela estava em férias, então não chegamos a nos ver mais. Só desejei boas festas e não nos falamos mais.”

Clodoaldo explicou que embora não tivesse contato direto com a cantora no período de internação, disse que soube poucas informações através da família. “Eu não sabia nem a causa da internação, a família quis se preservar e temos que acatar a decisão. Ela não estava recebendo visitas, então eu achei que ela estivesse bem”, explicou ele.

Inezita estava hospitalizada desde o dia 19 de fevereiro, com suspeita de infecção urinária e passou por uma série de exames. Uma personalidade importante na música sertaneja, Inezita já havia sido internada em dezembro, após sofrer uma queda em sua casa de Campos do Jordão, no interior de São Paulo. O tombo teria ocorrido de sua cama e ela machucou as costas. Desde então, ela estava afastada do tradicional programa Viola, Minha Viola, transmitido pela TV Cultura, que comandava desde 1980.

Sobre o programa, Inezita chegou a dar uma entrevista em 2001 mostrando sua dedicação pela música caipira. "São 21 anos brigando por ele. Não vou dar o meu trabalho para ninguém. Tenho uma produção interessada, que respeita o caipira. Mas já sofri muito com gente que não entende o caipira. Por que não podemos falar ‘nóis’? Querem globalizar tudo? Cada um tem seu jeito de falar, de se expressar. Um dia, vou escrever a história do meu auditório. Ali, a gente não admite concessões”, desabafou.

Biografia Ignez Magdalena Aranha de Lima, nome de batismo de Inezita Barroso, nasceu em 4 de março de 1925, em um domingo de Carnaval, no bairro da Barra Funda, em São Paulo. Filha de família tradicional paulistana, passou a infância cercada por influências musicais diversas, mas foi na fazenda da família, no interior paulista, que desenvolveu seu amor pela música caipira e pelas tradições populares.

Formada em Biblioteconomia na USP (Universidade de São Paulo), Inezita foi uma grande pesquisadora da música caipira brasileira. Por conta própria, percorreu o interior do Brasil resgatando histórias e canções. Reconhecida por este trabalho, foi convidada a dar aulas sobre folclore em uma universidade paulista. Pelo seu trabalho como folclorista, e por ser uma enciclopédia viva da música caipira e do folclore nacional, recebeu o título de doutora Honoris Causa em Folclore pela Universidade de Lisboa.

O nome artístico foi criado aos 25 anos, quando ela juntou seu apelido de infância, Inezita, ao sobrenome do marido, o advogado Adolfo Cabral Barroso. A artista Inezita Barroso era cantora, instrumentista, folclorista, atriz e professora. Começou a cantar e estudar violão aos sete anos. Depois, começou com viola e piano. Tomou gosto pelo universo rural já nos primeiros anos de sua vida e na adolescência, e sua carreira como cantora começou no início dos anos 1950, no nordeste, onde realizou recitais de grande sucesso. Durante sua trajetória como cantora, Inezita gravou cerca de 100 álbuns.

O primeiro DVD musical da dama da música raiz, Inezita Barroso – Cabocla Eu Sou, foi lançado em dezembro de 2013 e sintetiza os mais de 60 anos de carreira da artista.

Era uma das cantoras mais premiadas do Brasil, sendo detentora de mais de 200 prêmios, entre eles o Prêmio Sharp de Música na categoria Melhor Cantora Regional, o Grande Prêmio do Júri do Prêmio Movimento de Música, em homenagem aos 47 anos de carreira, e o Prêmio Roquette Pinto como Melhor Cantora de Rádio da Música Popular Brasileira. Sua longa carreira foi coroada com o Grande Prêmio da Crítica da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 2010, e com a escolha de seu nome para ocupar uma das cadeiras da Academia Paulista de Letras, em 2014. A imortal Inezita seria empossada oficialmente em meados deste ano.

Em 2009, Inezita recebeu do governo do Estado de São Paulo o título vitalício de Grande Oficial pelo compromisso com as raízes culturais do país e pela contribuição significativa para o entretenimento dos brasileiros.

Na TV, sua carreira começou junto com a TV Record, onde foi a primeira cantora contratada. Depois, passou pela extinta TV Tupi e outras emissoras, até chegar à TV Cultura para comandar o Viola, Minha Viola. Na rádio, Inezita esteve à frente de microfones como da Rádio Nacional, Record, USP FM e Rádio Cultura AM, onde apresentou, por 10 anos, o programa diário Estrela da Manhã.

Inezita deixa uma única filha, Marta Barroso Macedo Leme, três netas e cinco bisnetos.

O começo de tudo O mais antigo programa de música da TV brasileira no ar, O Viola, Minha Viola estreou no dia 25 de maio de 1980, com apresentação de Moraes Sarmento (1922-1998) e Nonô Basílio (1922-1997), nos estúdios da TV Cultura, na Barra Funda. A partir da terceira edição (em junho), Inezita Barroso passou a participar da atração como convidada fixa e logo já conquistou a simpatia do público. Meses depois, em agosto, Nonô deixou o programa e Moraes ganhou como parceira a mulher que, anos mais tarde, se tornaria a dama da música caipira no País.

Nessa época, a atração também ganhou espaço exclusivo: mudou-se para o Auditório Franco Zampari, na região da Luz, em São Paulo. Durante algum tempo, o Viola foi itinerante e viajou por diversas cidades do interior paulista, voltando, mais tarde, a fixar-se no Zampari.

Inezita gravou mais de 1500 edições do Viola, Minha Viola, voltado a modas de viola, música de raiz, lendas e danças folclóricas. Tendo se tornado um verdadeiro centro da tradicional música de raiz, ao longo dos anos, o palco do Viola recebeu os maiores astros do gênero como Tonico e Tinoco; João Pacífico; As Galvão; Pedro Bento e Zé da Estrada; Cascatinha e Inhana; Milionário e José Rico; Tião Carreiro e Pardinho; Almir Sater; Daniel; Chitãozinho & Xororó; Renato Teixeira; Sergio Reis; entre muitos outros célebres do cenário musical caipira.

 

Fonte: Quem