Com a ausência de representante da Eletrobras, na audiência que discutiu o fornecimento de energia da Eletrobras no Piauí foram apresentados dados de 2010 a 2014 que mostravam a quantidade de horas que as residências de Teresina ficaram sem energia e a quantidade de vezes que a transmissão foi suspensa nos cinco anos. Em todos os cinco anos, os serviços oferecidos pela Eletrobras ultrapassaram o limite permitido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tanto no que diz respeito à quantidade de horas que os imóveis de Teresina ficaram sem energia, quanto a quantidade de vezes que o fornecimento foi suspenso. 

Os dados são da tese de doutorado do pesquisador Marcos Lira, da Universidade Federal do Piauí, e apontam que, no Piauí, 17 mil famílias ainda não possuem energia elétrica em casa, apesar dos investimentos do Luz Para Todos. Em Teresina, todas as casas têm cobertura, mas os serviços oferecidos são de baixa qualidade.

Em 2010, 40,81 foi o número de horas que, em média, uma residência de Teresina ficou sem energia, quando o limite era 28,22. O fornecimento foi suspenso 32,15 vezes por casa quando o limite era 25,27. Em 2014, os números continuaram ultrapassando o limite estabelecido pela Aneel mostrando que os investimentos da Eletrobras não foram suficientes. Em 2014, as horas que uma unidade habitacional ficou sem energia chegou a 32,94. O limite era 23,71. Já a quantidade de vezes que faltou energia foi 20,57 e o limite era de 17,54.

"Quantas vezes a Eletrobras vai fugir de discutir esse assunto? Não mandou representante e nem justificativa, deixando 38 representantes de bairros aqui presentes sem uma resposta para os seus problemas", questiona a vereadora Graça Amorim (PTB), uma das proponentes da audiência.

Graça Amorim relatou que, na comunidade Jacu, zona rural Leste, mesmo depois de muita luta para a perfuração do poço e instalação de uma bomba, a população continua sem água. "Primeiro, técnicos da Eletrobras não fez a instalação porque o contador de energia estava do lado de dentro do muro. A Secretaria de Desenvolvimento Rural  derrubou a mureta e colocou o contador pra fora. Mas a comunidade ainda hoje espera a Eletrobras".

O líder comunitário do Bairro Porto do Centro, Luís Henrique da Silva, o prefeitinho, denunciou que no seu bairro existem muitas gambiarras e que,desde 2010, comunicou à Eletrobras o problema, solicitando solução. "Nunca fomos atendidos. Queremos posteamento do bairro e eliminar as gambiarras é um direito que nos é privado", disse Luiz.

Encaminhamentos

Os participantes da audiência pública decidiram por enviar nota de repúdio à Eletrobras e ao Ministério das Minas e Energia e,, pessoalmente, ao Presidente da Eletrobras - distribuição PIauí, Marcelino da Cunha Machado Neto por não comparecer e nem enviar representante à audiência; encaminhar cópia do que foi discutido para a Aneel e Casa Civil. "Vamos enviar para a Casa Civil para a presidente Dilma Roussef ter conhecimento que o representante indicado por ela não está dando prestando as informações solicitadas pela sociedade", ressaltou Graça. 

A Câmara Municipal de Teresina vai solicitar, ainda, que o Ministério Público Federal convoque uma audiência pública para ouvir representantes da Eletrobras sobre a má qualidade dos serviços oferecidos pela empresa no Piauí.

"Na qualidade de advogada, tenho acompanhado as indenizações por danos morais pagas pela Eletrobras a consumidores. São muitas. Esses recursos pagos em indenizações por danos materiais e morais poderiam ser investidos em troca de equipamentos, cabos, e em investimento na melhoria da energia ofertada aos piauienses", finalizou Graça.

 

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