Líder do PMDB pede intervenção do governador para evitar assédio às bases de deputados

O governador Wellington Dias (PT) deve entrar em campo novamente para acalmar os ânimos na elástica base aliada. Deputados estaduais ligados ao governo estão reclamando que pré-candidatos ao legislativo e que ocupam cargo no Executivo, como o de secretário, por exemplo, estão investindo em suas lideranças no interior. Segundo o líder do PMDB na Assembleia Legislativa do Piauí, João Mádison, o clima é de hostilidade na Casa.

“Existem pré-candidatos que não são deputados e que indiretamente querem se eleger, mas estão indo nas bases daqueles que estão apoiando o governo. Esse descontentamento existe”, afirmou o parlamentar em entrevista ao Jornal do Piauí.

Segundo o peemedebista, está acontecendo uma disputa por lideranças que pode trazer consequências para a base aliada do governador no futuro. “O governador tem que chamar cada partido para dialogar, mas chamar também esses pré-candidatos que estão hoje como secretários para parar um pouco de ficar entrando nas bases dos nossos deputados estaduais”, declarou.

A disputa estaria acontecendo aos fins de semana, quando parlamentares e pré-candidatos vão ao interior visitar lideranças políticas. “Ninguém passa um fim de semana em Teresina, é viajando e visitando as lideranças. Não é o meu caso, mas eu já conheço alguns amigos que perderam prefeitos e lideranças que apoiaram nas últimas eleições e agora estão com alguns pré-candidatos que são secretários. Existe uma disputa por lideranças. Não adianta esconder”, denuncia.

João Mádison define o assédio como desproporcional em virtude dos cargos que os secretários ocupam. “É desproporcional. Tem que haver o diálogo e a intervenção do governador para falar com estes secretários e que busquem lideranças na oposição e não nas lideranças de quem está apoiando o governador. Isso cria um ambiente de hostilidade na própria Assembleia. Quem está na Assembleia e é secretário leva muito mais vantagem. É desproporcional”, reclamou.

Ainda de acordo com o líder peemedebista, deputados da base estão dispostos a elencar os membros do governo que estão investindo em suas bases. Para Mádison, o momento é de tentar pacificar antes que um problema maior aconteça e se reflita em 2018.

“Temos os nomes. Os deputados já sabem quem está prejudicando. Tem um deputado do meu partido que já teve perdas significativas. O governador deve buscar pacificar. É fácil dialogar, a base não vai se desfazer por isso, ou lá na frente teremos problemas maiores. O momento é de solução”, declarou, citando o deputado Júlio Arcoverde (PP) como um dos parlamentares insatisfeitos com a situação.

Foto: Wilson Filho

Quem perder, sai do PMDB

A disputa não é acirrada apenas entre os partidos da base, internamente a “briga” para se viabilizar em 2018 já começou. O PMDB, por exemplo, protagoniza o maior desentendimento. Parte da legenda liderada pelo ex-ministro João Henrique Sousa quer candidatura própria ao Palácio de Karnak, a outra já fechou questão pela reeleição do governador Wellington Dias. A solução seria a antecipação de uma convenção onde, quem perder, deixaria a disputa e o partido.

“80% do partido quer e vai fazer a coligação com o governador Wellington Dias e 20%, como é o caso do João Henrique, está pregando uma candidatura própria. Mas eu não vejo perspectiva de ele ganhar uma convenção, pois ele não tem os delegados do partido, mas não vamos criar empecilhos. Se ele quer antecipar uma convenção, nós toparemos. Agora que fique organizado por escrito ao diretório estadual para que possamos decidir. Ao mesmo tempo, quem ganhar deve acabar essa celeuma. Se ele perder e quiser ser candidato que vá para outro partido. E nós, se perdemos, no meu caso eu digo que é impossível perder, mas se perder eu não ficaria no PMDB, pois ficaria chato. Mas é impossível se perder uma convenção, pois somos 5 deputados estaduais e um federal”, disse confiante o líder do PMDB na Alepi.

Hérlon Moraes herlonmoraes@cidadeverde.com