PDV do governo federal vale a pena para quem tem muito tempo de serviço

A adesão ao Programa de Demissão Voluntária (PDV) do governo federal começou na quinta-feira e tem a intenção de abranger 5 mil pessoas até o fim do ano. O plano é uma das estratégias do governo para enxugar gastos com pessoal e oferecerá aos funcionários públicos, como incentivo, uma indenização de um 1,25 salário por ano trabalhado. Especialistas dizem em que circunstâncias vale a pena pedir o desligamento voluntário e quais critérios devem contar na balança: TEMPO DE SERVIÇO - Para quem tem mais de 20 anos: Para os especialistas, o programa compensa apenas para pessoas que têm muito tempo de casa e que tenham um novo plano em mente. Por terem anos de experiência, essas pessoas podem conseguir se colocar melhor no mercado privado, com salários melhores, ou mesmo utilizar a indenização para empreender. Uma pessoa que tem 25 anos de casa, por exemplo, terá direito a continuar recebendo o salário por 2 anos e meio após sua saída. - Para quem tem menos de 10 anos: O PDV não vale a pena para essa parcela do funcionalismo. O professor da Escola Brasileira de Administração Pública (Ebap) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Istvan Kasznar, explica que deve ser baixa a adesão entre esse grupo. Quem está insatisfeito deve procurar as outras alternativas dadas pelo governo, como a jornada reduzida ou a licença não remunerada. Para essas duas possibilidades também há incentivos. Na primeira, o servidor terá um pagamento adicional de meia hora diária. Na segunda, terá um pagamento de três remunerações no momento em que for concedida a licença, além de poder manter os planos previdenciário e assistenciais, desde que assuma os custeios. - Para quem está num período intermediário: Nesse caso, vale fazer conta e considerar, nessa balança, quanto tempo poderá continuar recebendo e se o plano para o futuro cabe dentro dessa janela. - Quem está em estágio probatório (primeiros três anos) não pode aderir. PROXIMIDADE DA APOSENTADORIA - O professor de direito administrativo do Ibmec, Márcio Reis, pondera que quem está muito próximo da aposentadoria não deve aderir ao PDV. Isso porque, provavelmente, essa pessoa tem direito ao benefício integral pelo resto da vida. Ou seja, é melhor esperar. Por exemplo, um homem que tem 30 anos de serviço e 60 anos de idade que aderir ao PDV terá salário garantido por pouco mais de três anos, até os 63. Se esperar e trabalhar por mais cinco anos, tem direito à aposentadoria com salário integral. - Para quem já cumpriu com os requisitos legais para aposentadoria, as normas do PDV vedam a adesão. Publicidade SALÁRIO E EXPERIÊNCIA - Kasznar lembra que, em média, os salários do setor público são superiores ao do setor privado. A exceção, geralmente, são para os cargos mais altos, muito especializados. Por isso, ganha novamente com o PDV quem já tem muitos anos de casa e possui experiência acumulada. Assim, a pessoa tem a vantagem de receber a indenização e mais chances de se colocar bem no mercado. ESTABILIDADE X CONDIÇÕES DO MERCADO DE TRABALHO Os especialistas lembram que o serviço público oferece estabilidade, apesar de haver meios de desligamento de funcionários previstos em lei. Do outro lado dessa balança está a situação econômica do país, que atualmente não é favorável. - Há desemprego no país inteiro, uma recuperação econômica medíocre e recomposição de renda baixa. E um grande adiamento na programação de novos concursos públicos. Ou seja, quem está dentro não deve querer sair e quem está fora está desesperado para entrar”, diz Kasznar.