“É preciso alterar uma cultura que odeia as mulheres”, afirma Marcia Tiburi

Em uma época em que escândalos de assédio e abuso sexual dominam as pautas do noticiário nacional e internacional, a escritora e filósofa, Marcia Tiburi, traz à luz o debate sobre o feminismo em seu mais novo livro “Feminismo em Comum”. Em entrevista a Rádio Cidade Verde no programa Acorda Piauí, nesta sexta-feira (19), a estudiosa ressalta a necessidade de transformação da sociedade, que ainda é pautada pela violência de gênero. Para Marcia: “é preciso alterar uma cultura que odeia as mulheres”, afirma.

O pensamento é baseado pela realidade em que mulheres ainda são alvos de violência de diferentes formas, sendo elas simbólicas, comportamentais ou físicas. A escritora lembra que é preciso alterar a forma de perpetuação de tais comportamentos – e tudo isso passa pelo feminismo. “É preciso tomar previdências que não podem ser apenas punitivistas. É preciso alterar uma cultura que odeia as mulheres, é preciso transformar pessoas em geral, homens e outros gêneros, em aliados contra essa violência de gênero”, explica. 

Assédio x Cantada Marcia Tiburi também abordou temas que estão em debate em todo o mundo, que desde as denúncias de abuso contra o produtor americano Harvey Weinstein colocaram o tema do assédio em proporções globais. Nesse contexto, diferentes vozes debatem aspectos da fronteira entre o que é consenso e o que é assédio.

No Brasil, no período em que as festas carnavalescas se aproximam, o embate entre o que é cantada e o que é assédio, a filósofa lembra que é simples a distinção: “cantada e violência são duas coisas que devem ser diferentes”, pontua.

Marcia afirma que se as pessoas não estão praticando de maneira diferente esses dois aspecto, é um enorme problema na sociedade. “Assédio não é cantada e cantada não deve ser assédio. A cantada é diversa, é multifacetada. É importante criar uma ética da cantada, as cantadas poéticas e bonitas são cantadas que tem uma ética, um cuidado com outro, que são preocupadas com que o outro vai pensar, que tentam comover o outro, seduzir, mas no sentido generoso. É diferente do assédio que é incisivo, que não tem comunicação, que é autoritário”, defende. Feminismo em comum Em seu novo livro, “Feminismo em comum”, a filósofa faz um manifesto sobre o feminismo e a sua potência transformadora. É onde o conceito de feminismo surge como o desejo e a via para uma democracia real voltada à luta por direitos de igualdade entre todos. A escritora realiza o lançamento do livro com a “Caravana Feminista”, que passará por diversas cidades do país a partir do fim deste mês. Ouça na íntegra a entrevista:

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