Gestante tem parto ao som "Sua Cara", de Anitta, na Evangelina Rosa

 

 (Foto: Arquivo Pessoal)

 

Que o parto humanizado é uma tendência mundial, isso não há dúvidas. A novidade é atravessar as horas mais sérias do processo, quase sempre doloroso, ao som de "Sua cara", de Anitta com a participação de Pabllo Vittar.

A ideia, com o total consentimento e aprovação da mãe, Naylane de Freitas, 22 anos, foi da enfermeira piauiense Apoena Liv Reis Soares de Oliveira, 32 anos. O parto aconteceu no final de maio na maternidade pública Dona Evangelina Rosa, em Teresina, Piauí.

A musicoterapia é uma prática bastante difundida na medicina em várias áreas da saúde, da oncologia à obstetrícia. A enfermeira Apoena é uma das adeptas da prática e explica que até a mãe alcançar os oito ou nove centímetros de dilatação - e estar na fase ativa de exercícios pré-natais, ela recorre a músicas mais lentas e procura deixar o ambiente tranquilo. A sala de parto também permanece na penumbra, já que o escuro ajuda na liberação da endorfina (hormônio ligado ao prazer e que ameniza a dor).

Apoena, entretanto, avisa previamente à futura mamãe que, nos momentos finais e onde ela estiver pensando em desistir, uma canção mais intensa, cheia de ritmo e que a encha a parturiente de força, deve tomar conta da sala. "Neste parto, começamos com canções lentas internacionais, como ela gostava. Mas nos momentos finais, quando a dilatação ela já estava com 10 cm de dilatação e dor intensa, Anitta tomou conta da sala. Foi Naylane também quem escolheu", explica.

A enfermeira, que é também fã de funk e da cantora, adorou a trilha sonora. "Tanto Anitta quanto Pabblo Vittar têm letras que nos dão poder, mostram que podemos, que somos fortes e é isso que a mulher precisa escutar neste momento", diz Apoena.

Defensora do parto humanizado, concursada pública e funcionária tanto da rede municipal quanto estadual do Piauí, Apoena é profunda defensora do parto humanizado. Começou a descobrir os benefícios do método, que não incentiva intervenções cirúrigicas e nem a medicalização, ainda em sala de aula. E tudo muito antes do tema se tornar uma calorosa discussão nacional.

"Minhas professoras da faculdade traziam no currículo uma vasta experiência no Japão com parto humanizado. Tanto que, quando fui ter meu primeiro filho, quis que fosse assim. Infelizmente, isso não aconteceu e acabei frustrada", conta a enfermeira, formada em enfermagem em 2008 pela Universidade Federal do Piauí.  Seu filho, Anderson, nasceu por cesárea em 2012 num hospital particular de Teresina. "O médico fez apenas um exame de toque vaginal e me disse que o bebê corria risco. Não mediu, sequer, os batimentos dele e me encaminhou rapidamente ao centro cirúrgico", lembra. Apoena é ainda mãe de Airton, um bebê de cinco meses. E, desta vez,  já como enfermeira da maternidade e amplo conhecimento no assunto, teve seu parto, finalmente, humanizado.

Para a enfermeira, não importa se a criança nasça em maternidades da rede privada ou particular. "Eu mesma preparo aqui na rede pública uma lousa onde coloco o nome da mãe, do pai e do filhinho que está para chegar. Decoramos com florzinhas, desenhos e, na hora "h", chamamos todos pelo nome. Neste parto, disse à a futura mamãe que ela precisava ser forte e que a Liz estava prestes a vir ao mundo. E assim foi. Ninguém morre de dor num parto e nossa função é fazer com que ele seja um momento único para a mãe e para o bebê. Todos devem ser tratados com respeito absoluto. O pai também esteve presente durante todo o processo e cortou o cordão umbilical da filhinha", conclui Apoena.

Fonte: Marie Claire