Campeões na qualidade de vida, Suécia e Suíça fazem jogo inédito de Copa

CARLOS MARANHÃO SÃO PETERSBURGO, RÚSSIA (FOLHAPRESS)

Depois que as seleções dos cinco países mais pobres participantes da Copa foram eliminadas na primeira fase, dois ricos entram em campo nesta terça-feira (3) para lutar por uma vaga nas quartas de final.

Longe de serem potências no futebol, a Suécia e a Suíça estão entre as nações com melhor qualidade de vida no mundo. Elas ocupam respectivamente o 14º e o segundo lugar no IDH, o índice de desenvolvimento humano da ONU. Nessa medida comparativa de riqueza, educação, expectativa de vida e outros fatores, o Brasil ocupa o 79º lugar.

Com uma população de 9,9 milhões de habitantes, pouco mais do que a de Pernambuco, a Suécia desfruta de uma renda per capita de 51.600 dólares, a oitava do planeta. A brasileira é a 77ª.

Os suíços formam uma população um pouco menor, de 8,3 milhões de pessoas, e têm uma renda per capita maior (78.800 dólares), a quarta do ranking mundial.

Ambos os países desfrutam de elevado nível de liberdade individual, ensino, preservação do meio ambiente e de segurança. Um dos ícones do estado de bem-estar social, sustentado por uma pesada carga tributária que atinge 48% do PIB, a Suécia, entre inúmeros benefícios para os cidadãos, oferece licença maternidade de 14 meses.

Três das principais cidades suíças -Zurique, Genebra e Berna- figuram entre os dez melhores lugares do mundo para se morar, de acordo com o levantamento anual da consultoria inglesa Mercer. Zurique já apareceu várias vezes em primeiro.

Apesar de tantas vantagens e privilégios que poderiam usufruir em sua própria terra, 45 jogadores convocados pelas duas seleções moram e atuam em outros países. A única exceção é o zagueiro Michael Lang, 27 anos, que sempre defendeu clubes suíços.

A explicação é simples. Como as ligas nacionais têm campeonatos fracos e pouco rentáveis, muitos jogadores vão para o exterior em busca de contratos vantajosos. A primeira divisão sueca reúne 16 clubes; a suíça, apenas 10 (para ocupar o calendário, os times se enfrentam em quatro turnos).

Na última temporada, a média de público por partida na Suíça foi de 11.813 pagantes, contra 9.191 na Suécia. A do atual campeonato brasileiro é de 17.296. Na Alemanha -onde jogam dez suíços e três suecos das atuais seleções- foi de 43.539.

Dentro de suas possibilidades, as duas equipes conseguiram a classificação com boas campanhas e fazem agora um encontro que parecia improvável em vista do favoritismo da Alemanha. A Suécia ganhou da Coreia do Sul (1 a 0), perdeu da Alemanha nos descontos (1 a 2) e venceu o México com folga (3 a 0). Seus destaques foram o lateral-esquerdo Augustisson e o zagueiro Granqvist, de 1,92m de altura e grande eficiência nas bolas altas.

A Suíça empatou com o Brasil (1 a 1) e Costa Rica (2 a 2), vencendo a Sérvia no segundo jogo. Nesta partida, na única manifestação política vista até agora nos gramados russos, Xhaka e Shaqiri comemoraram seus gols imitando com as mãos uma águia, símbolo da Albânia. Os dois têm origem no Kosovo, que a Sérvia considera uma província e é apoiado pelos albaneses. Xhaka e Shaqiri foram multados pela Fifa.

Tanto a Suécia quanto a Suíça têm tradição na Copa, com maior número de participações do que Holanda e Chile, por exemplo. Os suecos estão em seu 12º Mundial e os suíços, no 11º.

A mais alta colocação da Suíça é o quinto lugar em 1954, quando foi a anfitriã da competição. Ela caiu nas quartas de final em um encontro histórico, ao ser derrotada pela Áustria por 7 a 5 -o recorde de gols registrado em uma só partida da Copa.

Vice-campeã em 1958, dentro de casa, terceira colocada em 1950 e 1994 e quarta em 1938, a Suécia exibe um retrospecto bem superior. Trata-se da seleção que o Brasil mais vezes enfrentou em Copas (sete, duas delas em 1994).

É a primeira vez que vão se cruzar numa Copa do Mundo, em um jogo tão equilibrado como o retrospecto de seus confrontos (11 vitórias da Suíça, 10 da Suécia e 7 empates) e o invejável nível de vida de suas populações.

SUÉCIA Olsen; Lustig, Lindelof, Granqvist, Augustinsson; Claesson, Svensson, Ekdal, Forsberg; Berg, Toivonen. T.: Jan Andersson SUÍÇA Sommer; Lang, Djourou, Akanji, Ricardo Rodriguez; Behrami, Xhaka, Shaqiri, Dzemaili, Zuber; Drmic. T.: Vladimir Petkovic Local: São Petersburgo Horário: 11h desta terça Juiz: Damir Skomina (SLV)