Em recuperação de AVC, Arlindo Cruz reage a beijo e sons, diz esposa

  O sambista cercado pela família: os filhos Flora e Arlindinho e a mulher, Babi (Foto: Emily Almeida)

Em casa desde o dia 2 de julho, despois de um ano e quatro meses internado por conta de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), Arlindo Cruz vem recebendo todos os cuidados necessários para a sua recuperação. Babi, a mulher do sambista, diz que os gastos, atualmente, são altos: ele necessita de assistência 24 horas e é acompanhado por uma equipe integrada por enfermeiro, cuidador, massoterapeuta, fonoaudiólogo e fisioterapeuta, além de um clínico e um neurologista. A agenda de shows de Arlindinho, filho mais velho que tomou a frente do escritório do artista, vai bem, mas a família pouco pode contar com a verba referente aos direitos autorais das quase 800 composições de Arlindo — segundo Babi, no Brasil, a burocracia é complicada. Assim como com alguns amigos, que se afastaram...

— A gente não tinha estrutura financeira para aguentar o que aguentou. Estamos num momento de aperto, mas com certa organização vamos vivendo um dia de cada vez. Eu perdi conhecidos que considerava amigos e ganhei amigos que não conhecia. Não cito nomes, mas acho importante falar. Entendo que todo mundo tem que seguir com sua vida, mas tive decepções com quem eu mais achei que poderia contar — desabafa a empresária, de 47 anos.

Acomodado numa cadeira de rodas durante o dia, Arlindo pouco movimentava a cabeça. Mas seu olhar comunica um alento por estar entre os seus.

— Ele adora ver futebol! Assistiu aos jogos da Copa do Mundo e se emocionou todas as vezes em que tocaram os hinos do Brasil e da França, os países que ele ama — relata Babi, que atualmente compara o marido a um bebê, ao citar suas reações: — Ele fala mesmo é com os olhos. Mas a boca já solta umas sílabas quando a gente pergunta alguma coisa.

Flora comemora uma interação recente com o cantor e compositor:

— Perguntei: “Pai, você me ama?”. Ele fez o maior esforço e respondeu: “Amo!”. Aí eu pedi um beijo, e ele me deu um estalado!

A musicoterapia, acrescenta Babi, tem sido uma grande aliada na evolução da saúde do artista:

— Arlindo ouve música o tempo todo. Ligo o som bem alto e sambo, brincando com ele. Coloco para tocar James Brown, para ele se lembrar da adolescência, quando usava black power, e Nana Caymmi, voz feminina que ele tanto ama. Também preparei uma coletânea de canções francesas, de que ele sempre gostou e usava as melodias como base de estudo para compor seus sambas. Na hora em que vai dormir, coloco mantras de cura, bom sono, renovação de energia... A música tem poder de cura, mexe muito com o emocional.

 

Fonte: Extra