Presidente e chefe do Exército de Guiné-Bissau são assassinados

O presidente de Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, foi morto nesta segunda-feira por soldados, um dia após o chefe do Estado-Maior do Exército, general Tagmé Na Wai, morrer em atentado a bomba, informou a Rádio França Internacional, que citou fontes diplomáticas.

Embora a morte dos dois líderes guineenses sugira o início de um golpe de Estado no país, o Exército afirmou que nenhum plano de derrubada do governo estava em andamento e reiterou que respeitará a ordem constitucional --na qual o chefe do Parlamento deve suceder o presidente.

Em comunicado, os militares alegaram que o assassinato de Vieira foi um ataque de um grupo isolado de soldados não-identificados e que o Exército já está procurando os responsáveis.  Desde a madrugada desta segunda-feira, um forte dispositivo militar rodeava a sede da Presidência da Guiné-Bissau, para tentar evitar qualquer ataque contra Vieira --morto ao deixar sua casa. Em vários pontos da capital, Bissau, a polícia tentava conter tiroteios e distúrbios causados pela morte de Na Wai, segundo emissoras regionais de rádio.

Segundo o coronel de reserva e amigo de Vieira, Sandji Fati, o presidente se recusou a deixar sua casa quando diplomatas da embaixada angolana chegaram para levá-lo a um lugar mais seguro.

Vieira é um ex-comandante militar que foi derrubado durante a guerra civil na década de 90. Ele retornou ao poder após vencer as eleições de 2005. O presidente vinha tendo problemas com Na Wai, morto em atentado neste domingo.   O atentado que causou a morte do general Na Wai, na noite deste domingo, foi realizado com uma bomba colocada na sede do Estado-Maior do Exército. A explosão deixou outros cinco feridos, entre eles dois graves, e derrubou parte do prédio, informaram as mesmas fontes.

O primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, tinha convocado para esta segunda-feira uma reunião urgente do governo e anunciado a criação de um comitê de crise para enfrentar a morte de Na Wai. Gomes ainda não se pronunciou após a morte de Vieira.

Na Wai denunciou em janeiro passado um atentado frustrado pelo qual responsabilizou membros da guarda do presidente. Segundo o general, eles abriram fogo durante a passagem de seu veículo diante do palácio presidencial.

Em 23 de novembro de 2008, um grupo de militares atacou à noite a residência do presidente Vieira, deixando dois mortos.

Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo e, desde que obteve a independência de Portugal em 1974, sofreu vários golpes de Estado. O país, de apenas 1,6 milhão de habitantes, se transformou em centro da rota do tráfico de cocaína da América do Sul para a Europa e altos cargos do governo e chefes militares foram acusados de participar deste negócio ilegal.   Fonte: Folha Online
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