Gilberto Albuquerque diz que rede privada está lotada e anuncia que não fechará hospitais

Fotos: Rômulo Piauilino

O aumento na ocupação de leitos na rede privada para o tratamento da covid-19 acendeu um alerta na Prefeitura de Teresina e na futura gestão da Fundação Municipal de Saúde (FMS), que será comandada pelo atual diretor do Hospital Getúlio Vargas (HGV), Gilberto Albuquerque. O assunto foi discutido nesta segunda-feira (21) em uma reunião no Palácio da Cidade com o prefeito Firmino Filho. Na ocasião, membros do Centro de Operações em Emergência (COE) apresentaram ao próximo presidente da FMS, o sistema de informações usado pelo Comitê para monitorar a Covid-19 em Teresina. Segundo ele, se a situação persistir, a capital do Piauí poderá ter surpresas no início do ano.

“A rede instalada hoje covid é suficiente para a demanda atual, sem medo. O problema é que está havendo um aumento muito rápido na rede privada. E se está aumentando na rede privada vai chegar na rede pública também. Isso é um sinal de alerta. Da outra vez, a rede privada lotou entre 15 e 30 dias antes da pública. A gente já está atento a isso, pois se for igual a vez anterior, vamos ter umas surpresinhas no início de janeiro”, disse Gilberto Albuquerque ao Cidadeverde.com.

Dois dos principais hospitais privados de Teresina estão com mais de 90% dos leitos de UTIs ocupados. O São Marcos registrou ontem ocupação de 93%, já o Prontomed está lotado.

Albuquerque afirmou que já está traçando estratégias, caso a demanda de leitos realmente seja maior na rede pública em janeiro. Entre elas, está a manutenção dos hospitais de campanha. “Vamos manter a tenda (anexo do HUT exclusivo para covid) funcionando; o Pedro Balzi e o Monte Castelo. Vamos ter que trabalhar para conseguir mais EPIs, medicamentos específicos e vamos intensificar o monitoramento. Essas são as medidas iniciais”, declarou, ressaltando que não se pode pensar em fechar hospitais.

“Nem fechar hospitais e nem baixar a guarda. Nos hospitais privados já não têm vaga”, destacou.

Saúde em Teresina

Gilberto, que fica no HGV até o dia 31 de dezembro, já está traçando medidas para melhorar a regulação de pacientes em toda a capital. Segundo ele, há muita recusa de pedidos no Hospital de Urgência de Teresina. 

“Sou do PSF, da alta e média complexidade, eu trabalho todo dia no HUT e já sabemos como funciona. O que nós vamos fazer é melhorar o sistema de regulação com aproveitamento das unidades. Vamos intensificar isso. O HUT hoje tem 82% de recusa de pedido, então não é justo. Alguma coisa está errada”, afirmou.

O futuro presidente da FMS destacou que já estão sendo feitos ajustes e que em 30 dias, após tomar posse, as medidas devem começar a dar resultados.

“Com relação a isso já estamos fazendo esse trabalho de ajuste. Tivemos reunião hoje, inclusive com a regulação estadual, e nós deveremos implantar algumas medidas que vão resolver o problema da fila de espera de internados no HUT e vai melhorar a transferência dos hospitais de bairros ou interior para o HUT. Já estamos aqui com o HGV também na retaguarda, sendo intensificada. Teremos algumas regulações regionais que nós vamos dar uma melhorada através do HUT também. São medidas que em 15 dias ou um mês nós teremos já resultados”, explica.

HGV com recursos

Sobre a situação do HGV, o diretor ressalta que deixa a unidade de saúde com recursos. “Terminamos de receber uma emenda parlamentar de R$ 12 milhões para renovação de equipamento, já tínhamos R$ 13 milhões do Ministério da Saúde. Eu vou sair e deixar tudo pronto”, finalizou.

A reunião com Firmino

Durante a reunião, os especialistas ressaltaram que os números da doença continuam estáveis em Teresina, mas com alguns sinais de alerta, que devem ser observados ao longo das próximas semanas. Para eles, as medidas adotadas pelo COE Estadual são suficientes para evitar uma maior proliferação do vírus no momento, não havendo a necessidade de adoção de medidas mais restritivas na capital.

“Apresentamos nosso sistema de informações, criado em abril, que monitora vários aspectos relacionados à Covid-19, como síndromes gripais, síndrome gripal aguda grave, ocupação de leitos clínicos e de UTI, novos casos e óbitos decorrentes da doença. Mostramos a evolução do vírus em Teresina e destacamos que, na última semana, tivemos alguns alertas de que a doença pode estar recrudescendo, o que deve ser monitorado”, disse o prefeito Firmino Filho.

De acordo com o Walfrido Salmito, infectologista e membro do COE, Teresina vive ainda uma situação de estabilidade em relação aos números da Covid, mas que merece atenção dos gestores para alguns sinais de alerta. “Tivemos um aumento discreto do número de síndromes gripais e de síndromes respiratórias agudas graves, que pode mais na frente impactar o número de óbitos. Por isso, pedimos que as pessoas mantenham todas as medidas de higienização, como lavar as mãos com água e sabão ou usar o álcool em gel e, principalmente, manter o uso de máscara, que tem se mostrado uma medida fundamental para diminuir novas infecções”, frisou.

Hérlon Moraes herlonmoraes@cidadeverde.com