Operação Iscariotes: PF cumpre mais mandados contra promotor do MP e assessor; vai usar tornozeleira eletrônica

Fotos: divulgação / PF

A Polícia Federal e o Ministério Público do Piauí cumpriram na manhã desta quinta-feira (15) novas medidas judiciais na Operação Iscariotes, que investiga suspeitas de propina de um servidor público para arquivamento de um procedimento investigatório criminal contra um empresário. Em nova determinação, o promotor Mauricio Verdejo será monitorado eletronicamente.

Nesta segunda etapa, a justiça determinou o cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão em endereços vinculados aos investigados, sendo quatro em Teresina e um na cidade de Picos, Sul do Piauí.

“O Tribunal de Justiça do Piauí também determinou o bloqueio de bens e valores, o afastamento do cargo público e o monitoramento eletrônico dos investigados, além de outras medidas cautelares. Comprovados os fatos sob investigação, o agente público poderá responder pelo crime de concussão, que consiste na prática de exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida”, afirma a PF.

Anteriormente, a Procuradoria Geral de Justiça afastou o promotor Maurício Verdejo por 90 dias, além da proibição de seu acesso, até outra deliberação, a qualquer dos prédios e instalações do MPPI, exceto para participação em atos instrutórios determinados pela PGJ ou pela Corregedoria-Geral. A PGJ acatou a determinação do corregedor nacional do Ministério Público (CNMP), conselheiro Ângelo Fabiano Farias da Costa.

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Um promotor de justiça foi alvo da Operação Iscariotes, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pela Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Piauí (PGJ/MPPI) no dia 7de agosto. A ação foi realizada após suspeitas de que o servidor público teria exigido R$ 3 milhões para arquivar um procedimento investigatório criminal contra um empresário.

O Cidadeverde.com apurou que o promotor investigado é Maurício Verdejo que atualmente está titular da 6ª Promotoria Criminal de Picos. Ele tem quase dez anos de atuação no MPPI. 

Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão em Teresina, foram apreendidos R$ 900 mil, além de documentos e aparelhos eletrônicos. As apurações se iniciaram apenas há uma semana e, em razão da gravidade dos fatos, exigiu-se esforço concentrado da PF com a PGJ/MPPI.  

Em nota, o MPPI destacou que foi a própria instituição que remeteu a representação contra o promotor e ressaltou que o processo do caso está em segredo de justiça. (Confira nota do MPPI ao final da matéria). 

De acordo com a PF, a vítima relatou que foi abordada pelo promotor em um restaurante e que ele teria dado um prazo de poucos dias para que o empresário pagasse a quantia exigida para não ser mais investigado. Após diligências, a equipe de investigação confirmou os relatos do empresário e registrou o recebimento de parte do montante pelo promotor. 

“Considerando que o investigado possui prerrogativas devido à sua função pública, o caso foi comunicado ao Procurador-Geral de Justiça do Estado do Piauí, responsável por investigar membros do Ministério Público. Este, por sua vez, solicitou a cooperação da Polícia Federal, devido à iminência da entrega do dinheiro,” destacou a PF em nota.