Políticas para negros avançam no Piauí, mas ainda há preconceito

O crescimento nas denúncias contra injúrias raciais na Delegacia de Repressão às Condutas Discriminatórias de Teresina alertam para um aumento da conscientização das minorias, principalmente em relação ao preconceito contra negros.   Assim como vêm crescendo os índices de acesso a educação, emprego, aumento da renda e saúde, princípios básicos previstos na Constituição, um fator "invisível" vem acompanhando esses índices.    

 

A auto-valorização propicia o envolvimento da raça na luta pela melhoria da qualidade de vida. Como lembra a vereadora de Teresina Rosário Bezerra, os negros só estão conseguindo essas melhorias por conta do seu engajamento.

  "Nenhum gestor e governador dá algo para o movimento. Isso tudo é resultado da luta. É conquista. Aqui no Piauí tivemos um salto muito grande quando foi criada a Coordenação dos Direitos Humanos e da Juventude, que abriga a Coordenação de Políticas Públicas Raciais", cita.  

  A vereadora lembra também que mesmo com todo o avanço, o fator econômico ainda propicia a permanência do negro entre as classes mais baixas. Isso por conta da educação. "Os não negros têm uma média de 7,8 anos de estudo por pessoa. Já o negro tem a apenas 4,5 anos", explica.   Isso se reflete no trabalho. Segundo dados do IBGE do censo de 2000, as diferenças são expressivas, em que 6% de brancos com 10 anos de idade ou mais aparecem nas estatísticas da categoria de trabalhador doméstico, enquanto os pardos chegam a 8,4% e os pretos a 14,6%. Por outro lado, na categoria empregadores encontram-se 5,7% dos brancos, 2,1% dos pardos e apenas 1,1% dos pretos.   Ainda em 1999, a população branca que trabalhava tinha rendimento médio de cinco salários mínimos. Pretos e pardos alcançavam menos que a metade disso: dois salários. Essas informações confirmam a existência e a manutenção de uma significativa desigualdade de renda entre brancos, pretos e pardos na sociedade brasileira.   Crimes contra minorias   Segundo a Delegacia de Repressão às Condutas Discriminatórias, somente em 2009 já foram 73 casos registrados de injúria, 18 de ameaça e um de tortura em Teresina.   Em 2008, somente de gosto a dezembro foram registrados 81 casos de injúria.   Veja o quadro:  

2009

 

Ocorrência/mês JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGT SET OUT TOTAL ABUSO DE AUTORIDADE 00 00 01 00 00 00 00 01 00 00 02 AMEAÇA 01 01 02 00 00 00 00 02 04 08 18 DANO 00 00 00 00 00 00 00 01 00 00 01 INJÚRIA 13 08 11 08 00 13 03 01 07 09 73 INJÚRIA REAL 00 00 00 01 01 00 00 00 00 01 03 INJÚRIA RACIAL 00 00 00 00 00 00 00 00 00 01 01 DIFAMAÇÃO 00 00 00 00 00 00 00 00 01 00 01 FURTO 00 00 01 00 01 00 00 00 00 00 02 ROUBO 00 00 01 00 01 00 00 00 00 00 02 TORTURA 00 00 00 01 00 00 00 00 00 00 01   Vereadora já sofreu discriminação em sua própria casa   No dia 11 de fevereiro deste ano, a vereadora Rosário Bezerra foi vítima de discriminação dentro de sua própria casa. Uma vendedora de uma loja que foi levar roupas para seu marido, o secretário de Fazenda Antonio Neto, a confundiu com a empregada, perguntando se Rosário trabalharia na casa. Rosário registrou queixa.     Leilane Nunes leilanenunes@cidadeverde.com
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