Grupo que metralhou ônibus do Togo avisa que 'ataque continua'

"As armas vão continuar falando" no território angolano de Cabinda, declarou neste domingo à AFP Rodrigues Mingas, líder do grupo separatista que reivindicou o ataque de sexta-feira contra a delegação do Togo na Copa Africana de Nações (CAN).

- Vale tudo, estamos em guerra - avisou o secretário-geral das Forças de Libertação do Estado de Cabinda-Posição Militar (FLEC-PM), contactado por telefone em Paris, onde está exilado.

Mingas criticou o presidente da Confederação Africana de Futebol (CAF), Isaa Hayatou, pela decisão de manter sete jogos da CAN em Cabinda.

- Os ataques vão continuar, porque o país está em guerra e porque Hayatou é teimoso - afirmou.

A Copa Africana de Nações começa neste domingo, com o duelo entre Angola e Mali, em Luanda. Estão previstos sete jogos para a sede de Cabinda, uma das quatro do torneio. Cabinda vive instabilidades desde a independência de Angola

A província de Cabinda não faz fronteira com o restante de Angola e possui grupo separatista O território de Cabinda é uma das 18 províncias de Angola, mas não pertence fisicamente à área do país. O local fica entre a República Democrática do Congo (ex-Zaire) e a República do Congo. A região é rica em petróleo e é assolada por um conflito separatista desde a independência angolana, em 1975.

Segundo o "Jornal Digital", de Angola, a resistência de Cabinda já havia alertado em diversas ocasiões que poderia haver falta de segurança para as equipes que se deslocariam à província durante o torneio.

Depois de anunciar que desistiria de disputar a Copa Africana de Nações, os jogadores da seleção do Togo voltaram atrás e resolveram participar do torneio. Entretanto, o Governo do país não está de acordo e exige que seus jogadores se retirem de Angola e não joguem o torneio.

Goleiro é operado. Sequelas não estão descartadas

O ataque ao ônibus de Togo aconteceu na sexta-feira, pouco depois de a delegação cruzar a fronteira (vinha do Congo, onde fez a fase final de preparação para o torneio). Até o momento, três mortes foram confirmadas: a do motorista, do assessor de imprensa e de um auxiliar-técnico.

Os jogadores feridos no ataque foram Serge Akakpo e Hadkovic Obilalé. Este último foi transferido para a  África do Sul, onde foi operado. Segundo os médicos, ainda não está descartada a hipótese de o jogador ter sequelas motoras (foi atingido por um tiro na região lombar).

Atletas togoleses resolvem jogar. Governo do país é contra

Depois de anunciarem que não jogariam mais a CAN, os atletas do Togo resolverem voltar atrás e participar do torneio. A alegação é de que, em honra aos mortos, os atletas iriam a campo. Outra razão foi não deixar que os terroristas "saíssem por cima" após o incidente.

O Governo do Togo, entretanto, manteve a posição de abandonar o torneio e exige que seus atletas se retirem de Angola. Togo está no Grupo B, ao lado de Gana, Costa do Marfim e Burkina Faso. A estreia dos togoleses está marcada para esta segunda-feira, contra Gana, em Cabinda.

Fonte: G1