A utilização de parte do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para a compra de ações da Petrobras em 2000 rendeu 11 vezes mais que o dinheiro que permaneceu no fundo, segundo cálculo do Instituto FGTS Fácil, uma organização não governamental. Desde a abertura do capital da Petrobrás para os trabalhadores em agosto de 2000 até a última quinta-feira, as ações da estatal se valorizaram em 723%, enquanto o FGTS rendeu apenas 62%.

Desse modo, quem investiu na época R$ 1 mil, por exemplo, tem atualmente cerca de R$ 8,2 mil no Fundo Mútuo de Privatização (FMP). Já o contribuinte que deixou o mesmo valor na conta do FGTS tem agora R$ 1.621. O cálculo não contabiliza os gastos com a taxa de administração do FMP-FGTS, que varia de 0,38% a 5% ao ano, nem o Imposto de Renda de 15% sobre os ganhos no momento da retirada.

Entre 10 de julho até 7 de agosto de 200, os trabalhadores puderam optar por utilizar até 50% dos seus recursos depositados no FGTS na compra de ações ordinários da Petrobras. Um total de 312 mil interessados procuraram os respectivos bancos e aplicaram R$ 1,6 bilhão para adquirir 25,9% do total das ações ofertadas.

No final de janeiro de 2010, estes fundos tinham participação acionária no capital votante (ações ordinárias) da estatal de 3,5% e no capital social (total de ações) de 2%. Estes mesmos acionistas poderão acompanhar a capitalização da Petrobras para a exploração da camada pré-sal, caso o projeto que permite mais uma vez o uso do FGTS seja aprovado no Senado e passe incólume aos vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na última quarta-feira, a Câmara dos Deputados aprovou uma emenda ao projeto de capitalização que permite o uso de até 30% do saldo vinculado ao FGTS por acionistas que haviam adquirido papéis da empresa no passado com recursos do fundo. Centrais sindicais tentaram pressionar por uma abertura a novos acionistas com a utilização do fundo, mas não tiveram sucesso.Fonte: Invertia