Superaquecimento da economia é desafio do Brasil, diz diretor do FMI

O desafio que a economia brasileira enfrenta hoje é o de administrar o superaquecimento, avaliou nesta terça-feira, em São Paulo, o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn. Ao participar de evento na capital paulista, Strauss-Kahn acrescentou que o Brasil tem uma história de sucesso, mas a economia global ainda está em crise, o que demanda vigilância.Sobre a crise na economia mundial, Strauss-Kahn disse acreditar que a recuperação está mais rápida do que o previsto pelo FMI. Segundo ele, apesar de o mercado de ações estar piorando e haver a sensação de que a economia global também piora, "a situação não é bem essa". "Temos muitos países que saíram da crise como os da Ásia e da América Latina e isto nos traz confiança e vemos que a recuperação vai prosseguir", comentou.Strauss-Kahn enfatizou, no entanto, que o principal risco à recuperação global é a crise de dívida europeia. “O nível de endividamento de alguns países como os europeus ainda é muito alto e isso levanta pontos de interrogação (sobre a recuperação)” sustentou.Outro risco é a questão do fluxo de capitais. Segundo ele, alguns países emergentes estão recebendo capital de modo excessivo, o que gera problemas no câmbio e desafios para a política monetária local.Em contrapartida, em outros países, como alguns desenvolvidos, a entrada de capitais secou, o que também gera problemas de liquidez.O caso da regulação é outro fator que pode limitar a retomada econômica mundial. "É otimista demais que tudo vai ser regulado de modo rápido. O tempo técnico para estabelecer novas normas é grande". Strauss-Kahn afirmou que as medidas que a União Europeia (UE) e Estados Unidos estão tomando no sentido de regular melhor seus mercados financeiros são positivas, mas ainda precisam mostrar mais consistência.Por último, os desequilíbrios globais também devem ser resolvidos para que a recuperação das economias seja efetiva, na opinião de Strauss-Kahn. Ele citou o superavit comercial na China, deficit comercial nos EUA e a situação do câmbio.Fonte: Uol (Com informações de Reuters e Valor)