Brasil pega a Itália de olho na final do Mundial de vôlei

Chegou o dia esperado. No clássico mais aguardado e de maior rivalidade do Campeonato Mundial Masculino de Vôlei, Brasil e Itália lutam neste sábado, às 16h15 (de Brasília), em Roma, por uma vaga na final da competição. Na preliminar, ao meio-dia, Sérvia e Cuba se enfrentam pela outra vaga na decisão do título.Brasil e Itália são inimigos íntimos. É de longa data o relacionamento entre as duas equipes. Assim como no futebol, a Liga Italiana de vôlei é considerada uma das mais fortes do mundo e costuma atrair atletas de todo o planeta, em especial brasileiros.O intercâmbio, no entanto, não se limita apenas aos jogadores. Os donos da casa conquistaram seu tricampeonato mundial em 1998 sob o comando de Bebeto de Freitas, e o atual treinador da seleção brasileira, Bernardinho, começou sua carreira no time feminino do italiano Perugia.O relacionamento tão próximo não foi capaz de evitar atritos no Mundial. O regulamento da competição não agradou aos brasileiros, que desde o início do torneio vinham reclamando que o formato foi elaborado para privilegiar a Itália. Os protestos se tornaram mais veementes depois que "resultados estranhos" ocorreram nas primeiras rodadas do torneio, colocando seleções teoricamente favoritas fora da liderança de suas chaves.Neste ano, os anfitriões, apesar da tradição, não vinham em boa fase: nem sequer conseguiram uma vaga na fase final da Liga Mundial, vencida pelo time comandado por Bernardinho. Mas no Mundial estão invictos.Apesar das queixas, o Brasil, que perdeu dois jogos, também aumentou a cota de resultados improváveis do Mundial ao ser derrotado por 3 a 0 pela Bulgária na segunda fase. O confronto, de péssimo nível técnico, foi apelidado de "o jogo da vergonha" e tanto a imprensa italiana quanto a torcida local não perdoaram os atuais bicampeões do mundo, que passaram a ser vaiados e acusados de terem entregado o jogo para evitar confronto com Cuba.A situação tornou o ambiente da seleção - que já inspirava preocupação por causa dos problemas físicos de vários atletas - tenso. De acordo com os jogadores, a hostilidade italiana ultrapassou o limite da quadra e se fez presente nos treinos e no hotel em que a equipe está hospedada. O clima trouxe à tona velhas feridas. O oposto Vissotto declarou que os jogadores brasileiros são discriminados na Itália.Concentração. Bruno afirma que o Brasil vai tentar não se deixar levar pela raiva e pensar apenas no jogo, orientado por Bernardinho, que acumula experiências desagradáveis em alguns jogos decisivos de grande rivalidade (como Cuba x Brasil no vôlei feminino). O treinador tratou de acalmar os ânimos dos jogadores. "A equipe estará voltada apenas para isso: jogar bem", garante o levantador, que tem feito um Mundial de superação, pois seu colega de posição Marlon, com colite, não atuou nas duas primeiras fases do torneio e ele teve de assumir sozinho toda a distribuição de bolas do ataque. O jogador não acredita em provocação italiana em quadra. Acha que, na hora do jogo, o respeito ao Brasil vai prevalecer.A seleção abriu mão do último treino para estudar o adversário. "Vi três partidas da Itália, fora uma hora de vídeo com o grupo", conta Bruno, que em sua preparação psicológica para o confronto tem buscado inspiração em Ayrton Senna - motivado pelo trailer do documentário sobre o piloto. O levantador ressalta a qualidade do conjunto italiano, que conta com jogadores experientes como Vermiglio, além dos bloqueios potentes de Mastrangelo e Sala. "Mas o destaque tem sido o atacante Savani."  O técnico italiano, Andrea Anastasi, falou sobre o rival. "O Brasil é o time a ser batido."Fonte: Estadão