Gasto com previdência pode levar dívida pública para 300% do PIB

O envelhecimento da população em países desenvolvidos poderá elevar as dívidas públicas a “níveis insustentáveis” até 2050. De acordo com estudo realizado pela Standard & Poor’s (S&P), a dívida do setor público poderá ultrapassar 300% do Produto Interno Bruto (PIB) e isso poderá afetar as perspectivas de crescimento econômico mundial, devido ao impacto sobre as finanças públicas e as políticas nacionais.A partir de maiores gastos com a população idosa, deverão ser intensificadas as pressões orçamentárias. Ou seja, sem ajustes para pagar aposentadorias, sem reformas nos sistemas de saúde e sem medidas estruturais que melhorem o potencial de crescimento econômico dos países, poderá haver problemas globais de crescimento nos próximos 40 anos.“Nossas projeções sugerem que a carga da dívida futura da maioria dos soberanos incluídos neste estudo aumentaria para níveis sem precedentes na história”, conforme nota publicada pela S&P. O estudo leva em conta estimativas dos governos nacionais e da União Européia, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), em 49 governos soberanos que abrangem mais de dois terços da população mundial.O pior impacto deverá se dar sobre as economias desenvolvidas. Em mercados emergentes fora da Europa, o envelhecimento populacional está projetado para ocorrer mediante um contexto de crescimento econômico relativamente maior do que nas economias desenvolvidas.Considerando-se um cenário de políticas inalteradas e de uma continuação de gastos do setor público relacionados à idade da população, os déficits fiscais e a dívida do governo estão previstos para elevarem-se rapidamente a partir de meados desta década.Com isso, a mediana para o déficit de um país poderia elevar-se de 5,3% do PIB para mais de 6% do PIB até meados de 2020. Hoje, a mediana dos soberanos desenvolvidos é de 5,7% e a dos mercados emergentes, 4,7%, e passariam para 7,4% e 3,1%, respectivamente.Já a mediana para carga da dívida líquida do governo poderia elevar-se para 50% do PIB até 2020, e depois acelerar. Hoje, nos desenvolvidos é de 78% e a dos emergentes, de 38%. Até a década de 2030, a mediana da dívida poderia estar em torno de 90% do PIB, com 115% para os soberanos desenvolvidos e 60% para os emergentes. Até 2050, o processo se aceleraria bastante, alcançando o nível de 260% do PIB, com os países desenvolvidos atingindo os 329% e os emergentes com 126%.O tamanho do Estado poderia aumentar significativamente: as despesas do governo poderiam elevar-se para aproximadamente 60% (68%; 46,4%) do PIB em 2050, em relação ao patamar atual de 44% (46,7%; 38,3%).A Standard & Poor’s explicitou, no entanto, que não se trata de uma projeção, já que considera “bastante improvável” que os governos permitam um descontrole tão grande nos níveis de déficit e dívida. O cenário revela apenas o tamanho do desafio do aperto fiscal que os governos vão encontrar.A agência considerou que as economias desenvolvidas e os mercados emergentes da Europa vêm realizando reformas para conter riscos orçamentários. Mas a crise financeira interrompeu esses esforços.“O rápido acúmulo da dívida dos governos desde 2007 aumentou, em nossa visão, a pressão para antecipar as reformas destinadas a conter riscos aos orçamentos soberanos, especialmente nos países onde se espera um elevado crescimento futuro nos gastos relacionados ao envelhecimento da população”, divulgou a S&P.Fonte: Valor