Medicamentos são queimados no interior do Piauí; PF investiga

Cerca de 300 medicamentos foram encontrados queimados na última quarta-feira (25), em um barranco no povoado de Buriti Grande, município de Lagoa do Piauí (38 km de Teresina). A promotoria e a Polícia Federal investigam a origem dos remédios, o motivo que levou à incineração e se houve crime por parte de algum órgão público. Fotos: Jordana Cury / Cidadeverde.com A TV Cidade Verde e o Cidadeverde.com estiveram no local. A denúncia partiu do vereador de Demerval Lobão (cidade vizinha), Pedro Valmir (PDT), que garante ter visto uma caminhonete S 10 depositando os produtos no barranco por volta das 17h de ontem. O político afirmou também que o veículo é alugado pela Secretaria de Saúde de Demerval Lobão e que presta serviço ao Programa de Saúde da Família da zona Rural. “Eu estava passando no local e vi uma S 10 preta atolada em um buraco. Estavam comigo umas 10 pessoas e decidimos ajudar. Do lado, vimos uma chama forte. Eles haviam queimado alguma coisa. Quando o fogo apagou, vi que eram medicamentos e chamei a polícia”, relatou o vereador. Vereador Pedro Valmir Pedro Valmir acusa a prefeitura de Demerval Lobão de ser responsável pelo ato. “Quando vi que eram medicamentos, percebi a falta de compromisso da Secretaria de Saúde com a população. Tem muita gente sofrendo pela falta deles e esses remédios se estragando. É mais uma irregularidade do prefeito da cidade", disse o vereador. Delegado César Alexandre Medicamento do Ministério da Saúde A denúncia foi formalizada na delegacia de Lagoa do Piauí. O delegado César Alexandre, titular do DP, foi até o local e apreendeu uma amostra dos produtos. Entre os medicamentos estão sulfato ferroso, antidepressivos, Tamiflu, Dipirona e seringas para injeção. Apenas parte deles estava com prazo de validade já vencido. Havia remédios oriundos de laboratórios e do Ministério da Saúde. Como a compra desses medicamentos advém de recursos públicos, o delegado acionou a Polícia Federal. Prazo de validade para maio de 2013 "A suspeita é de que para esconder esses medicamentos e fugir das suspeitas vieram jogar em outro município. Fizemos o registro e acionamos a Polícia Federal. Também precisamos saber se há crime e quem são os envolvidos. Vamos aguardar o resultado da perícia", disse o delegado. O flagrante O político que flagrou os remédios queimados afirmou ainda que na caminhonete havia duas pessoas, o motorista Zé Pacô (José da Costa Azevedo) e um rapaz conhecido como Júnior Pit Bull, que, segundo o vereador, é agende de endemias do município. Por volta de 10h30, agentes da PF chegaram à cidade e se dirigiram ao local onde os produtos foram encontrados. O promotor de Demerval Lobão, José Marques Melo, acompanha o caso. "Temos que investigar o valor pago por esses medicamentos e o valor que está na nota fiscal. Além disso, temos que verificar se houve enriquecimento ilícito", relata o promotor. Segundo ele, ainda que não tenha ocorrido o crime administrativo, houve crime ambiental, uma vez que com a água das chuvas, os medicamentos seriam carregados para as lagoas da região. Promotor José Marques A resposta da Prefeitura O prefeito de Demerval Lobão, Geraldo Júnior, rebateu o vereador. "Isso tudo são apenas insinuações. Eu quero fatos concretos. Eu não tenho conhecimento disso e posso garantir que nós utilizamos efetivamente o remédio a favor da população e sou totalmente contrário a esse tipo de procedimento. Mas ninguém tem provas do envolvimento da prefeitura no caso". Prefeito O prefeito reconheceu José da Costa Azevedo como sendo funcionário do Estado, trabalhando em Demerval Lobão. O outro citado, Júnior Pit Bull, ele não reconhece. “Não posso dizer que o conheço porque nunca ouvi esse apelido”. Flash de Jordana Cury (Especial para o Cidadeverde.com) Redação de Leilane Nunes redacao@cidadeverde.com