"Tome-se um exemplo singelo, como recurso de exposição. Dividir essa rica versatilidade do Piauí de hoje seria como dividir entre duas vitrines o sortimento variado de uma só vitrine. Cada nova vitrine exporia variedade menos rica de artigos. As tentativas divisionistas ou são fruto da ingenuidade de uns, ou o são da malícia de outros. Os primeiros movem-se pelo propósito generoso de atrair mais assistência para o sul do Estado; e os segundos – embora engajados, acreditemos, na mesma bandeira generosa – são motivados também pelo desejo de poder, representado pela perspectiva de administrarem os novos empregos que seriam gerados; e representado pela perspectiva de captura da parcela do Fundo de Participação e das demais transferências federais, bem como dos tributos estaduais, que seriam usufruídos pelo novo Estado, isto é, pelo meio-Estado, – sob o pressuposto ilusório de que administrariam esses recursos com mais, digamos assim, produtividade social. Como se a velha natureza humana dos governantes novos fosse menos imperfeita que a velha natureza humana dos velhos governantes. Como se a fronteira política que fosse criada tivesse o poder mágico de deixar do lado de lá os pecadores; e do lado de cá, os santos." O texto é trecho de artigo publicado no portal do Sertão, órgão da Fundação Nogueira Tapety. O autor,Padua Ramos, é professor titular da cadeira de Planejamento Social da UECE - Universidade Estadual do Ceará; e pró-reitor da mesma universidade para a área de planejamento. É autor do livro Em Busca do Ângulo Alfa, sobre políticas públicas
Sobre a divisão do Piauí
14/03/09, 14:08