Advogados tentam adiar julgamento do mensalão no TSE

A oito dias de os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) começarem a julgar os 38 réus do mensalão, seis advogados paulistas – três deles ligados ao PT – acionaram a Justiça Eleitoral nesta quarta-feira (26) para tentar adiar a análise do caso para depois das eleições de outubro.Na representação protocolada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o grupo solicita que a chefe da Corte, ministra Cármen Lúcia, pondere com os colegas do STF sobre a suposta “inconveniência” de apreciar o mensalão em meio à corrida eleitoral. Eles ressaltam na petição que o adiamento do julgamento não traria risco de prescrição dos crimes imputados aos suspeitos de envolvimento no suposto esquema de pagamento de propina em troca de apoio político no Congresso."Vossa Excelência [Cármen Lúcia] presidirá as próximas eleições com o grave e iminente risco de abalo ao equilíbrio aos disputantes e, por consequência, de embaçamento da livre, legítima e autêntica expressão da vontade do eleitor", enfatizaram os autores do documento.Segundo o advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador da setorial jurídica do PT de São Paulo e um dos mentores da proposta, a iniciativa não teria sido articulada com a direção petista nem com os réus da ação penal. "“Não teve combinação com a legenda. Não os consultei e eles também não me pediram nada. Não houve articulação ou aval do PT", afirmou.Ainda de acordo com Carvalho, a mobilização teria partido de uma “preocupação” em torno de uma eventual politização do julgamento.Além de Carvalho, assinam o manifesto outros dois advogados filiados ao PT: César Pimentel, dirigente da setorial jurídica do PT-SP, e Gabriela Shizue Soares de Araújo, ex-advogada do ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Os demais signatários da representação (Marcelo Figueiredo, Fábio Roberto Gaspar e Ernesto Tzulrinik) não teriam laços com a sigla.Prejuízo para petistasNa peça entregue à Corte Eleitoral, os advogados argumentam que a repercussão midiática do caso durante a campanha eleitoral poderá trazer prejuízos para os candidatos de "partidos envolvidos". Na época do escândalo, surgiram indícios de que políticos do PT, PR e PTB foram receberam quantias do chamado "valerioduto"."O desequilíbrio, em desfavor dos partidos envolvidos, é evidente. Tem-se o pior dos mundos: a judicialização da política e a politização do julgamento. Perde a democracia, com a realização de uma eleição desequilibrada. Perde a República, com o sacrifício dos direitos dos acusados ao devido processo legal", destacou o grupo.Carvalho garante que sua iniciativa não visa a proibir a utilização de imagens do julgamento do mensalão nas propagandas eleitorais. Conforme ele, essa manifestação cabe aos defensores de candidatos e réus.Fonte: G1
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