Moradores usam "lama" para lavar roupas sujas no semiárido do Piauí

As cisternas do semiárido estão vazias e a terra sofre com a seca, mas finalmente os m oradores da região do Piauí, mais castigada com a estiagem, comemoram as primeiras gotas de chuva após dois anos sem uma gota de água para amenizar o flagelo.A carência de chuva no sertão, representa a carência de tudo, e alguns trabalhadores rurais vivem apenas de programas do governo como o Garantia Safra, o Seguro Safra. A mata sem vida passou a fazer parte do dia a dia dos municípios. O cenário cinza é sinal de que a chuva ainda não foi suficiente para trazer alívio aos que criam animais.A série “Seca: O Desafio da Sobrevivência”, mostrou nesta sexta-feira (16), a corrida para o campo, onde a terra é preparada para receber sementes. Quando dona Davina Pinheiro, viu que a chuva tinha caído, ela ocupou o terreno com sementes de feijão. Assim como ela centenas de trabalhadores vivem um verdadeiro cassino, onde plantão não significa colher, mas quem não aposta, não pode ganhar.A chuva não foi o que se esperava em Caracol e não serviu de garantia. “Eu tenho esperança que vai melhorar, mas com fé em Deus vai”, afirmou o agricultor João Batista. Se é pouco que a natureza deixou, é com pouco que as pessoas tem que sobreviver. Essa é a luta diária de pessoas como dona Deuserina Silva, que tiram das poças de lama o pouco de água que sustentará as famílias vítimas da estiagem.“Por enquanto a gente usa só pra lavar as roupas, mas se faltar para beber, a gente bebe essa lama. Isso é a sede que faz”, afirmou a moradora do sertão.Plantar as poucas sementes que restaram é uma aposta altíssima em um lugar onde a chuva é rara, mas quem entrega o destino ao sertão. Não há o que pensar. O medo faz parte da rotina. Viver no semiárido é apostar no incerto, mas aprender a conviver com a realidade de que nem tudo é do jeito que planejamos. O temporal pode chegar a qualquer momento, ou desaparecer em um passe de mágica.Reportagem de Joelson Jiordani (TV Cidade Verde)Rayldo Pereira (Da Redação)rayldopereira@cidadeverde.com