Nova "virgem" causa polêmica por envolver vereador da Bahia

A Câmara de Vereadores de Feira de Santana, município a cerca de 100 Km de Salvador, montou uma comissão para apurar o lance que teria sido dado por um dos membros da Casa à jovem da cidade de Sapeaçu que anunciou o leilão de sua virgindade.Três vereadores acompanhados por um promotor foram até a delegacia de Sapeaçu na terça-feira (27), onde registraram um boletim de ocorrência solicitando que Rebeca Ribeiro prestasse esclarecimentos à polícia. "Foi divulgado em um blog da cidade que ela disse em entrevista que um vereador fez a proposta. A imagem da Câmara foi abalada e põe sob suspeita os 18 homens que fazem parte dela. Formamos a comissão com o objetivo de descobrir o nome [do vereador] e verificar a veracidade [do lance]", afirma a diretora da casa, Maria Chaude.O delegado de Sapeaçu, Fabrício Alencar, ouviu Rebeca ainda na terça-feira. Ele avalia que não há crime na declaração feita pela jovem. "Ontem mesmo ela esteve na delegacia e disse que recebeu uma proposta por telefone de R$ 35 mil de uma pessoa que se identificou como vereador de Feira de Santana. Como o valor estava aquém do que queria, ela negou a proposta e a ligação foi encerrada. Não há crime porque ela não citou nomes", afirma o delegado.Uma ocorrência não delituosa foi registrada pelo delegado, que vai encaminhar um ofício para a Câmara de Vereadores com um relatório do que foi dito por Rebeca. "Agora cabe à Câmara definir se vai querer instaurar uma sindicância para descobrir qual foi o vereador, será uma decisão pontual deles ", diz Fabrício.Procurada pelo G1 nesta quinta-feira (29), Rebeca afirmou que está tranquila em relação à apuração da Câmara. "Já fui lá [na delegacia], conversei com o delegado, está tudo resolvido, não sou obrigada a revelar o nome da pessoa. Em momento algum ele se identificou e disse que não poderia declarar o nome por ser uma pessoa pública, me fez a oferta, perguntou se eu aceitaria, como disse que não, encerrou a conversa por telefone mesmo", declara Rebeca.De acordo com a jovem, a proposta foi feita na semana passada e foi uma das primeiras ofertas recebidas.O vereador Justiniano França, um dos membros da comissão formada pela Câmara, destaca que é preciso apurar a "denúncia" antes de definir uma punição ao colega."Registramos um BO [Boletim de Ocorrência] para o delegado convocar a moça e ela declarar quem foi o vereador. Podemos até solicitar ao delegado a quebra do sigilo telefônico dela para que a gente tenha alguma pista de quem se trata. A gente não pode se precipitar, mas se o vereador for identificado, o caso será conduzido para o presidente da Câmara definir a punição", afirma Justiniano.LeilãoA paulista de 18 anos mora na cidade de Sapeaçu e decidiu leiloar a virgindade pela internet depois da catarinense Catarine Migliorini, que conseguiu vender a virgindade por R$ 1,5 milhão. "Eu vi o vídeo da Catarina, vi a coragem dela de não ter medo de ser julgada, não nego que vi o quanto ela conseguiu adquirir e pensei em quanto posso adquirir e mudar minha vida", relatou.Até sábado (21), a maior proposta recebida por Rebeca tinha sido de um empresário de Salvador, que ofereceu R$ 70 mil para ter o primeiro "contato íntimo" com ela. Essa é a expressão que a menina prefere usar para se referir à primeira experiência sexual. A garota pensava em ter uma "primeira vez" especial, com algum namorado, alguém de quem gostasse, porém a vontade de ajudar a mãe falou mais alto, conforme conta. "Foi um meio. Tinha pensado de outro jeito. Fiz um vídeo para o Big Brother [reality show da TV Globo], mas não consegui me inscrever", revela a menina, que já teve "mais ou menos" seis namorados, mas nunca relações sexuais.RepercussãoA garota, que mora sozinha com a mãe, diz ter se assustado com a repercussão do vídeo em que aparece anunciando o leilão e, por isso, decidiu retirá-lo do ar. "Tirei do ar logo porque eu não estava podendo frequentar a rua, tinha medo do que as pessoas poderiam fazer". Em seguida, postou um novo vídeo, pelo qual justifica a atitude. Mesmo assim, há uma semana Rebeca não vai à escola onde cursa o 2º ano do Ensino Médio por conta das críticas, mas também pela agenda de entrevistas.A principal motivação de leiloar a virgindade, segundo alega, é conseguir dinheiro para ajudar no tratamento da mãe, que é aposentada pelo INSS por invalidez. "Eu estava passando muita dificuldade, até para conseguir ajuda para comprar remédios, marcar exames. A gente vive com um salário mínimo. Até já tentei trabalhar, mas aqui na cidade paga pouco. Só consegui ganhar R$ 40, R$ 100 por trabalho um mês inteiro. Não faz diferença esse dinheiro porque teria que pagar uma pessoa para cuidar da minha mãe", disse.A mãe de Rebeca sofreu AVC (Acidente Vascular Cerebral) há quatro anos e ficou com graves sequelas, segundo conta. Entre elas, não consegue andar nem tomar banho sozinha, além de ter dificuldades para se alimentar e estar com a fala comprometida. Há aproximadamente um mês, a mãe sofreu um segundo AVC. "Com o pouco recurso que a gente tem, não dá para pagar fono [fonoaudiólogo]. São várias coisas para pagar que a gente não tem", afirmou.Fonte: G1