Corpo é velado há 14 horas por falta de vaga em cemitérios

Atualizada às 11hO corpo do desempregado Vanderlei Gonçalves Ferreira, 44 anos, já está sendo velado há 14 horas e os familiares ainda não encontraram vagas nos cemitérios de Teresina para o enterro. Revoltados, eles prometem invadir o cemitério do Buenos Aires, caso o corpo não seja sepultado até o meio-dia de hoje (9).O irmão de Vanderlei, Francisco Benício de Sousa, disse que já buscou vaga em cinco cemitérios da capital. "Mas a resposta é sempre a mesma, não há vagas para outro enterro", completou. O velório está acontecendo na rua Motorista Areolino Carvalho, no bairro Água Mineral, zona Norte de Teresina.A irmã do desempregado, Francisca Vanderléia, lamentou o caso e afirmou que se o corpo não for enterrado até o meio dia ficará "de plantão" no cemitério do Buenos Aires, até conseguir o sepultamento do irmão. Os parentes alegam que já buscaram vagas nos cemitérios São Judas Tadeu, Pedra Mole e Santa Maria.Vanderlei Gonçalves Ferreira foi encontrado desacordado em sua residência por uma vizinha, identificada como Érica Sthefany Oliveira, por volta das 11h de ontem (8). Ela contou que o encontrou ainda agonizando e um tio dele chamou o Serviço Móvel de Urgência (Samu), que demorou mais de 2h30 para chegar ao local.Irmã de VanderleiOs familiares contaram que quando a viatura do Samu chegou, Vanderlei já estava morto. O IML foi acionado, mas como se trata de causa natural, o corpo não foi removido. O Serviço de Verificação de Óbito foi acionado e demorou quase 5h para recolher o cadáver. Como o local é de difícil acesso, os próprios moradores tiveram que transportar o corpo até o carro da prefeitura.De acordo com a própria família, Vanderlei Gonçalves era usuário de drogas e viciado em álcool. Ele morava sozinho, não era casado e não tinha filhos.Administração do cemitério respondeUm funcionário do cemitério Santo Antônio (no Buenos Aires), Estevam Brasil, informou que os parentes só procuraram o local na manhã de hoje. Ele acrescentou que há uma sepultura da família onde já foram enterradas duas pessoas e há vaga para mais um corpo. A sepultura já está sendo preparada."Aqui não há problema de vaga porque sempre que as sepulturas não são zeladas há mais de cinco anos, acabam sendo cedidas. No caso deste rapaz, a família veio aqui conversar com a gente e só falta o pagamento da taxa para que seja feito o enterro. Todo o trâmite aconteceu de forma bastante tranquila", declarou.Jordana Cury e Carlos Lustosa Filhojordanacury@cidadeverde.com