Uniforme Inteligente inibe alunos que matavam aula

A primeira escola privada do país a implantar o uniforme inteligente, que avisa os pais quando o aluno entra ou sai da escola, fica em Santos, no litoral de São Paulo. A etiqueta já está sendo usada há quase um mês nos uniformes e tem sido uma novidade para as crianças e um tranquilizador para os pais.Fotos: Mariane Rossi/G1)O sistema do uniforme inteligente é bem simples. Uma etiqueta é colocada em uma das peças de roupa da criança. A escola possui uma espécie de antena que detecta a etiqueta assim que a criança entra, sai da escola ou quando o aluno vai para um segundo período para fazer cursos extras, reforço ou reposição de provas. O aparelho envia um email ou uma mensagem no celular, escolhido pela família, avisando que a criança entrou ou saiu do colégio.Vandressa Guimarães Duarte Gaspar, diretora do colégio Onis, que foi a primeira escola particular a adotar esse sistema, diz que houve uma preparação de cerca de um ano para utilizar o uniforme inteligente. “Desde o ano passado a gente vem fazendo reuniões com os pais e com a empresa”, explica a diretoraOs pais que se interessaram pela novidade tecnológica tiveram que fazer um cadastramento e indicar o número do celular que a família quer que receba a mensagem. Apesar disso, sempre surgem dúvidas dos pais. "Alguns têm receio se isso pode causar algum problema em relação à saúde, mas é uma etiqueta normal, não acontece nada”, afirma a diretora.Ela também esclarece que a etiqueta pode ser lavada e passada várias vezes e, mesmo assim, não irá perder a validade e eficiência. "Eles fizeram um teste de lavagem mais de 100 vezes e ela é prensada em um sistema deles. A criança usa, abusa, lava, passa, quantas vezes quiser e ela não sai. A criança cresce, perde a roupa e a etiqueta continua", explica a diretora.O uniforme inteligente não é obrigatório, já que os pais precisam pagar pelas etiquetas e pelas mensagens. Os técnicos da empresa responsável pelo material fazem plantões no colégio para inserção das etiquetas nos uniformes com uma máquina própria.A etiqueta pode ser colocada na roupa ou em qualquer objeto do material escolar do aluno. “Temos muitos problemas de perda na escola. Então pode ser inserido em estojo, lancheira e pertences pessoais das crianças. Os pais podem inserir a etiqueta nesses pertences”, afirma a diretora. Na secretaria da escola há um leitor que identifica a etiqueta e de qual criança é aquele objeto.Além de evitar perdas, o uniforme inteligente serve como um tranquilizador para os pais dos alunos. “A mensagem chega na hora. O filho passou às 17h36, o pai recebe a mensagem no mesmo minuto: ‘O Pedro acabou de entrar na escola’. Os pais que trabalham ficam mais seguros. Já os adolescentes que gostam de matar a aula acabam ficando intimidados com o sistema”, diz Vandressa.O sistema já havia sido implantado em fevereiro de 2012 em uma escola pública em Vitória da Conquista, no interior da Bahia. A cidade recebeu a nota mais baixa do país entre as redes municipais de ensino. O Estado instalou a etiqueta em todos os uniformes. Na unidade, 35% dos alunos não frequentavam as aulas. Depois das etiquetas, esse número caiu para 10%.Em Santos, nos 15 primeiros dias da implantação do sistema, quase 70 alunos já usavam o uniforme inteligente. A diretora acredita que esse número irá crescer com o passar do tempo, já que a maioria dos pais está conhecendo o serviço e muitos estão gostando da novidade.Vitor dos Santos Farias, de 13 anos, estuda desde pequeno na escola. Quando a mãe dele soube do uniforme inteligente, logo quis etiquetar duas camisetas e a mochila de Vitor. Ele diz que a tecnologia ajuda a não perder a mochila. Já Renata Luiza Dias, em menos de um mês do sistema já tem quatro camisetas e um agasalho com a etiqueta. “Eu achei meio estranho, mas depois foi normal. Não me incomoda e minha mãe disse que ficou mais tranquila”, conta a jovem.A diretora acredita que o sistema está dando certo. Ela afirma que a escola e os pais ainda estão em fase de adaptação. Neste ano, o sistema começou a ser implantado apenas com os alunos do ensino fundamental e, no ano que vem, a diretora também pretender colocar a tecnologia na pré-escola.A partir de 2014, todos os uniformes da escola serão vendidos com a etiqueta inserida, mas a ativação é opcional. “Se o pai quiser ativar, procura a secretaria da escola, faz o preenchimento de uma ficha, assina a autorização e a gente ativa a etiqueta”, finaliza a diretora.Fonte: G1