Polícia garante que não usará gás ou balas de borracha em protesto

O secretário estadual de Segurança do Piauí, Robert Rios Magalhães, garantiu que a polícia não irá usar bombas de gás lacrimogênio ou balas de borracha no protesto programado para a próxima quinta-feira (20) em Teresina (PI). Depois de ser uma das primeiras cidades do Brasil a organizar grandes manifestações populares pela internet, a capital piauiense resolveu aderir ao movimento nacional contra reajustes de tarifas dos transportes, a corrupção e os gastos excessivos da Copa do Mundo de futebol. Yala Sena/Cidadeverde.comO anúncio foi feito durante reunião no final da tarde desta terça-feira (18). No auditório da Ordem dos Advogados do Brasil no Piauí, representantes do movimento estudantil, OAB, Ministério Público, Secretaria de Segurança e Polícia Militar definiram estratégias para a passeata, que tem público esperado de 15 mil pessoas pelos organizadores.Durante o encontro, Robert Rios explicou que ao invés da força, a polícia irá usar as câmeras de monitoramento do Centro de Teresina para identificar os autores de eventuais abusos. Robert Rios ainda sugeriu que a manifestação fosse transferida da avenida Frei Serafim, coração do trânsito de Teresina, para a avenida Raul Lopes, zona Leste. Porém, a proposta não foi aceita. Os manifestantes, no entanto, deverão ocupar apenas uma das faixas da Frei Serafim, com concentração no final da tarde, no cruzamento com a rua Coelho de Rezende. Apesar disso, outra sugestão do secretário foi aceita: a criação de um gabinete de gestão de crise para apurar qualquer tipo de abuso. Um colegiado com as entidades participantes da reunião será formado para avaliar cada caso. Thiago Amaral/Arquivo Cidadeverde.comPara evitar 2012Os estudantes reclamaram de truculência da Polícia Militar nos protestos anteriores, em especial no de janeiro de 2012, quando a Frei Serafim foi fechada por duas semanas contra o aumento da passagem de ônibus. A manifestação resultou na implantação do sistema de integração das linhas. Manifestantes levaram tiros de balas de borracha e foram atingidos com spray de pimenta. Dois ônibus foram incendiados.Enquanto São Paulo e Rio de Janeiro protestam contra o reajuste da tarifa, jovens de Teresina se organizam contra isso há dois anos. A primeira mobilização ocorreu em setembro de 2011 e conseguiu suspender o aumento de R$ 1,90 para R$ 2,10. Quando o reajuste voltou em janeiro de 2012, a juventude voltou para as ruas na tentativa de impedi-lo. Apesar do prefeito Firmino Filho (PSDB) já ter anunciado que não haverá majoração da tarifa, mesmo com empresas de ônibus afirmando que o valor atual não supre os custos da passagem, os manifestantes decidiram aderir aos atos que se espalharam por todo o País, dessa vez cobrando a licitação das linhas de ônibus, concurso público e nomeações da Polícia Militar e Polícia Civil, entre outras pautas.PazFrancesco Nogueira, estudante do ensino médio, declarou durante a reunião que não existe partido político no protesto e convidou a população para participar da manifestação de forma livre, como bem entender. Pediu apenas que a sociedade não pratique atos de vandalismo. Luana Monte, estudante de Letras, e Fábio Barroso, acadêmico de Direito da Universidade Federal do Piauí (UFPI), também participam da reunião, que conta com a presença do presidente da OAB/PI, Willian Guimarães, da promotora de Justiça Miriam Lago e de representantes de diversos setores da Polícia Militar, que anunciou que irá para as ruas com espírito desarmado. O advogado Thiago Tardelli, afirmou que não serão admitidos atos de vandalismo, bandeiras partidárias e carro de som. Outra advogada sugeriu que a policia seja identificada.A promotora Mirian Lago afirmou que o Ministério Público dá apoio integral ao movimento e pediu que não existam excessos. Ela discordou de Robert Rios sobre o local da avenida. "Se na Frei Serafim pode ter Carnaval, também pode haver atos de protesto", afirmou.David Castro, 15 anos, junto com quatro estudantes produziram o cartaz que circula na rede social convocando o piauiense para ocupar as ruas nesta quinta-feira (20), a partir das 16h. “Ressaltamos que o movimento é pacífico e reivindicando melhorias na saúde, educação, transportes e segurança. O movimento também é de conscientização política que haja mudanças na hora do voto”, disse David Castro. Yala Sena (flash)Fábio Lima (Da Redação)redacao@cidadeverde.com