Procissão de sanfonas homenageia Gonzagão e Dominguinhos

“São 24 anos de saudades e a gente transforma saudade em festa”, declara Wilson Seraine, presidente da Colônia Gonzaguiana, enquanto cerca de 70 músicos tocam e cantam músicas de Luiz Gonzaga, na saída da 5ª edição da Procissão das Sanfonas. O evento ocorre anualmente sempre no dia 2 de agosto, data da morte de Luiz Gonzaga.Fotos: Francisco GilásioOs fogos de artifício na praça Saraiva anunciaram o início da procissão, que este ano também homenageou o cantor Dominguinhos e levou a música do rei do Baião pelas ruas do Centro de Teresina, puxadas por um verdadeiro encontro de gerações.À frente da procissão estavam Ângelo de Abreu, de 87 anos, sanfoneiro desde os 6 anos de idade, que fez sua primeira sanfona com talos de buriti em Monsenhor Gil; e o pequeno Isac do Arcodeon, 10 anos, que usando gibão e chapéu de coro deu a nota certa para embalar os passos dos fãs dos grandes nomes da música brasileira.“Toco desde criança e ensinei meus filhos a apreciar a música do Nordeste. Vou tocar sanfona até a morte em homenagem a ele, porque o Luiz é rei, é o Rei do Baião”, disse empolgado Ângelo de Abreu, conhecido como Mestre Anjo, que foi à procissão acompanhado do filho Edimilson Abreu. “Somos uma família de músicos, todos apreciamos e tocamos as músicas de Dominguinhos, Luiz Gonzaga, há oito anos integramos a Colônia e pra nós é um prazer participar de momentos como esse”, declarou o filho.O trajeto levou os amantes do Baião até o Museu do Piauí. No caminho, mesmo quem estava no trabalho não conseguia ficar parado e cantava junto versos como “Luiz, respeita Januário...”, “Quem me dera voltar pros braços do meu xodó...” e outros. A vendedora Fernanda Macedo diz ser impossível ficar parada ao som das sanfonas, “não tem como ficar parada, é um ritmo contagiante. A procissão é muito bonita, animada, uma justa homenagem a Dominguinhos e Luiz Gonzaga”, enfatiza.A auxiliar administrativa Jussara Baião veio de São Raimundo Nonato, a 517 km de Teresina, para prestigiar a procissão e diz que sua motivação é a paixão que nutre pela sanfona. “Gosto do ritmo, do som, gosto da sanfona e nada melhor do que homenagear o maior sanfoneiro do Brasil, Luiz Gonzaga. Essa homenagem também se estende a Dominguinhos, que nos deixou recentemente”, ressalta.Ao chegar à Casa de Odilon Nunes – Museu do Piauí, os sanfoneiros celebraram com muita música e abriram a exposição Vida e Obra de Gonzagão. Para Dora Medeiros, diretora do Museu, a parceria com a Colônia Gonzaguiana foi um sucesso no ano passado e a expectativa é que atraia muito mais público. “A exposição está riquíssima, temos revistas, discos e até a máquina de costura que pertenceu a mãe de Luiz Gonzaga, é uma excelente oportunidade para se conhecer mais desse personagem ilustre”, destacou a diretora.Zélia Furtado e os netos, Francisco Andrade, 6 anos, e Ana Laura, 10 anos acompanharam o som das sanfonas, zabumbas e triângulos e chegaram satisfeitos ao Museu. “Moramos no Maranhão, mas estamos em Teresina esses dias e resolvi trazê-los para esse evento já que eles gostam muito de forró. O Francisco, principalmente”, revelou.A exposição fica no Museu do Piauí até o dia 11 de agosto. A Casa fica aberta de terça a sexta-feira das 8h às 17h30 e das 8h às 12h aos sábados e domingo.redacao@cidadeverde.com