Especialista diz que professora teve "surto" durante assalto

O psicólogo Eduardo Moita, durante debate no Jornal do Piauí desta terça (17), explicou a situação emocional que levou uma professora de Medicina a perseguir e matar um assaltante atropelado. Segundo Eduardo, a professora sofreu um "surto emocional" e reagiu de forma violenta ao assalto.Wilson Filho/Cidadeverde.com"A emoção está dentro dos processos psicológicos básicos do ser humano. Muitas pessoas que se veem diante de uma situação grave muitas vezes tomam atitudes violentas e muitas vezes não lembra o que fez", afirmou.Já o sociólogo Benedito Carlos, também participante do debate, cobrou uma atitude enérgica do governo e das secretarias de Segurança e Justiça e explicou que a orientação das polícias de não reagir facilita a ação dos bandidos. "Eu vejo que a responsabilidade maior é do secretário de Segurança. Temos um secretário que está desde 2004 e o secretário de Justiça que ninguém sabe nem desde quando está no cargo. O governador, que é o comandante do Estado, deveria vir a público explicar porque Teresina está essa bagunça. Esse discurso do secretário de Segurança já envelheceu. O país é defasado. As pastas de Justiça e Segurança tem que responder por si. Falta gestão. Depois que mata não adianta tanto. A função mais importante é a prevenção. Para quem perdeu o parente não adianta prender o homicida, até porque poucas pessoas ficam na cadeia. Muitas pessoas não vão a julgamento. A orientação das polícias de não reagir torna a vida do criminoso mais fácil. Isso depende das circunstâncias. Às vezes, se a vítima correr, gritar, pedir socorro pode salvar a vida dela. Se ela [a professora] não tivesse reagido também passaria por uma situação nervosa para o resto da vida", disse.Já o advogado Lúcio Tadeu, presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB, chamou a atenção para a falta de investimentos na área. Para Lúcio Tadeu, a sociedade manda recado ao poder público e nada tem sido feito para melhorar. "Onde o Estado se encontra ausente, outra pessoa vem e toma de conta. Ou é o crime organizado ou a sociedade se arma contra o que está ocorrendo. Temos o caso emblemático da morte de Tallyne, sequestrada e morta por um bandido do Ceará. Se não tiver um reforço por parte do Estado, de dar uma resposta, e a Justiça trabalhar para dar mais celeridade aos julgamentos, nós vamos entrar nessa. A atitude dela [da professora] não é exemplo. Essa senhora se viu num momento de desespero, vítima de uma violenta emoção, pode ter sido vítima de uma explosão emocional que levou ela a um surto e agiu sem imaginar que tipo de consequência isso iria ter. O alerta para o Estado já foi dado há muito tempo. Mas, segurança pública é muito caro. É preciso que os representantes escutem as vozes das ruas", afirmou.O radialista Gomes de Oliveira, o Galego, também cobrou providências. "Acho que o governo tem que tomar providência. Acho que não tenhamos mais o direito de ir e vir. Minha mulher não pode ver uma moto que fica com medo. Sei que ela [professora] de ter cometido esse ato sem querer e de qualquer maneira não pode ser crucificada. A justiça tem que dificultar também esse tipo de gente sair da cadeia. Está muito fácil. O cara confia na impunidade. Tem que botar as crianças na escola. Quando não estão na aula, estão na rua aprendendo tudo que não presta", comentou.Leilane Nunesleilanenunes@cidadeverde.com