Estudo traça perfil empreendedor digital do país: jovem e da classe B

A proximidade do aniversário de um ano de operação da Loja Integrada, comemorado neste mês de maio, despertou no inventor da plataforma voltada à criação de lojas virtuais, Adriano Caetano, o desejo de conhecer o perfil de seus usuários. “No nosso dia a dia de trabalho lidamos com muitos números. Por meio deles vemos, por exemplo, quando uma empresa começa a ter um rápido crescimento. Mas fora isso, não tínhamos informação sobre esses empresários. Assim, resolvi realizar a pesquisa para traçar o perfil do empreendedor digital.” Caetano diz que alguns números chamaram sua atenção. “A grande maioria é jovem e mais da metade é da classe B, sendo que 74% ingressaram na faculdade e 71% fizeram investimento de até R$ 1 mil, usando dinheiro do próprio bolso”, afirma. (Abaixo, mais dados da pesquisa).Publicitário de 38 anos, Daniel Altavista é usuário da plataforma e conta que criou a loja física e virtual Studio Geek em 2013. “Após um ano de atividade, percebo que loja física é mais estável e funciona como um show room, enquanto a virtual tem mais potencial, por abranger o País todo”, diz.O empresário afirma que o negócio inclui a confecção dos produtos com a marca Studio Geek. Segundo Caetano, a pesquisa apontou que aqueles que trabalham com produtos próprios se saem muito bem no comércio virtual. Altavista confirma o dado. “Em um ano, as vendas triplicaram. O crescimento mensal fica em torno de 20%.”Cientista político de 38 anos, Daniel Falco marca presença na internet com a loja Bella Photo desde 2005. Ele conta que a marca também opera com unidade física, há 15 anos, e é especializada em câmeras, lentes e demais acessórios do universo fotográfico. “Em 2013, resolvi migrar o e-commerce para a plataforma da Loja Integrada porque o negócio estava estagnado. Com a migração, houve aumento de 400% nas vendas online.” Segundo Falco, ele continuou oferecendo os mesmos produtos e preços. “O crescimento ocorreu só por conta do design do site, que é muito mais fácil de ser usado tanto por quem vende como para quem compra.”O site Karina Mattos, que comercializa itens de moda e acessórios foi criado por Karina Mattos no início de 2013. “O investimento inicial ficou abaixo de R$ 1 mil. Hoje, o tíquete médio de compras na minha loja é de R$ 85. Já o faturamento mensal é de R$ 5mil”, diz a empresária que é formada em marketing.”Proprietário de uma loja física de suplementos, o professor de educação física Karlos Pimental passou 2013 desenvolvendo as bolsas térmicas batizadas de 2gobag. “O investimento para criar o negócio foi baixo, por volta de R$ 500, usados durante o período de testes, até definir o modelo ideal.”Pimental conta que a loja virtual 2gobag foi lançada em novembro do ano passado só para comercializar as bolsas térmicas. “O produto foi criado para atender quem está preocupado em ter uma boa alimentação fora de casa. Agora, essas pessoas podem transportar os alimentos e ter a certeza de que eles manterão a qualidade até a hora de serem consumidos.”Ele diz que o crescimento do negócio o surpreende diariamente. “Depois da primeira semana de operação, fiz upgrade e migrei do plano básico, que é grátis e dá direito a receber mil visitas por mês, para o plano 4, que permite 18 mil visitas.” Pimentel conta que em seis meses de operação, quintuplicou as vendas. Mesmo assim, possui apenas um funcionário. “Faço uma porção de coisas sozinho, além disso, prefiro ter uma pessoa mais capacitada do que manter uma porção de mão de obra barata”, afirma.Ganho médio pode chegar a R$ a 10 milLançada há um ano, a Loja Integrada está prestes a atingir 60 mil lojas cadastradas. Segundo o criador da ferramenta, Adriano Caetano, a maior parte é de microempresas.“Temos um caso ou outro de lojista que fatura R$ 100 mil por mês, mas esses ainda são minoria. A média de faturamento costuma variar entre R$ 8 mil e R$ 10 mil.” Caetano afirma que há relação direta entre o número de visitas e o de compras efetuadas. “No Brasil, a conversão de vendas online é de 1%. Portanto, o site que recebe 50 mil visitas realiza 500 vendas. Sendo que o tíquete médio entre os pequenos negócios do País fica entre R$ 100 e R$ 150. O que demonstra que esse é um terreno fértil.”Segundo ele, o período de maturação desse tipo de negócio é de cerca de três meses. “Muitas pessoas que fizeram cadastro na plataforma estão testando o formato ou se preparando para entrar em operação. Lojas ativas, que estão faturando, são 6,7 mil.” Ele diz que de acordo com a pesquisa, boa parte dos usuários têm emprego fixo e dedicam cerca de três horas de seu dia para tocar o negócio virtual. “Eles estão experimentando o e-commerce e sinalizando a vontade de conquistar a independência financeira, ou querem trabalhar em casa, ficar perto da família e deixar de enfrentar transportes lotados e congestionamentos.”Caetano afirma que a adesão de 1.806 usuários da plataforma à pesquisa surpreendeu. “Nossa meta era obter 500 respostas. Com esse nível de retorno conseguimos imprimir mais fidelidade aos dados”, avalia. Ele diz que a média de adesão à plataforma cresceu nos últimos dois meses. “Antes, eram criadas 100 lojas por dia. Hoje, são cerca de 250. Acho que o fato está relacionado à exposição de nosso logotipo no rodapé das lojas.”Para quem pensa em criar um negócio online, Caetano recomenda que a pessoa comercialize produtos que não sejam muito populares. “É impossível competir com grandes magazines. Vender produtos próprios também é uma ótima opção”, afirma. Fonte: Estadão