Piauiense Xico Barroso fará show de guitarra baiana no carnaval de Salvador

Um instrumento setentão mas com jovialidade e a vivacidade de um garoto. É assim a guitarra baiana, criada por Dodô e Osmar na década de 1940 a partir do bandolim e do cavaquinho que tem um grande representante em solo piauiense: o guitarrista Xico Barroso. A habilidade do músico acabou lhe servindo de passaporte para tocar no Carnaval de Salvador este ano onde ele se apresenta no Largo do Pelourinho ao lado de Júlio Caldas e Igor Hereda, formando o Trio de Guitarra Baiana.

De formação eclética, o piauiense herdou do pai, Barroso, guitarrista da banda Impacto Musical, o gosto pela música e pelo instrumento baiano. “A banda fazia muito carnaval nas Classes Produtoras. Lembro como se fosse hoje do dia em que tiramos uma foto: eu segurando a guitarra baiana que meu pai tinha e ele com a guitarra dele, normal. Fiquei encantado. Ele foi o primeiro a tocar a guitarra baiana no Piauí e me apresentou as músicas de Armandinho, Dodô e Osmar. Desde que comecei a tocar, tinha vontade de ter uma mas, aqui em Teresina não tem pra vender e ninguém faz”, conta Xico. 

Ele diz que começou efetivamente a tocar guitarra baiana há cerca de dois anos quando começou a conhecer músicos de Salvador, trocar material e adquiriu um instrumento de um luthier de Salvador. Em Teresina, Xico Barroso já tocou em bandas como Madame Butterfly e com artistas como Ostiga Júnior e Dandinha e deve lançar seu disco solo ainda este ano. 

“Esta será a primeira vez que vou tocar oficialmente em Salvador, mas já participei de jam sessions lá há dois anos. No repertório do show teremos clássicos do frevo baiano, música autoral e muita mistura com outros ritmos como o rock. Eu vou também apresentar frevos pernambucanos”, diz Xico Barroso. A data do show do Trio de Guitarra Baiana ainda será definida. 

Novo jeito de tocar Xico Barroso explica que a guitarra baiana foi criada por Dodô e Osmar como uma forma de ampliar o som dos instrumentos que tocavam: o cavaquinho e o bandolim. “Eles pegaram o braço de um cavaquinho, acoplaram uma madeira, colocaram o captador no meio do braço, viram que não apresentava mais microfonia – o que acontecia quando aumentava o som do bandolim – e chamaram de ‘pau elétrico’. A guitarra baiana veio do bandolim e tem a mesma afinação dele. A princípio eram quatro cordas, mi, lá, ré e sol. Foi quando o Armandinho, que é filho do Dodô, foi desenvolvendo seu repertório e resolveu incluir mais uma corda grave, a dó”, descreve.

 

Carlos Lustosa Filho carloslustosa@cidadeverde.com