Na Série D, Remo tem média de público maior que nove times da elite

A torcida do Remo, um dos clubes mais tradicionais do país, tem inúmeros motivos para comemorar. O time paraense se classificou para a Série C do Campeonato Brasileiro de 2016 depois de sete anos e disputa as semifinais da quarta divisão. Ostenta a maior média de público e é dono de quase metade da renda total arrecadada no torneio, além de ser o oitavo clube que mais cresceu em número de sócios-torcedores no ano.

Foto - Divulgação Remo

O Leão ainda tem a chance de terminar o ano como campeão da Série D. Apesar de perder o primeiro jogo para o Botafogo-SP por 1 a 0, em Ribeirão Preto, a volta será em casa, neste domingo, onde tem retrospecto mais do que favorável. Em três jogos no Mangueirão, foram três vitórias e nove gols marcados.

Apoio não irá faltar. O Remo tem média de 15.136 torcedores por jogo, a maior no campeonato. Em comparação com times da Série A, supera Coritiba, Vasco, Joinville, Santos, Avaí, Chapecoense, Figueirense, Ponte Preta e Goiás.

Colocando em números, o maior público do Santos, que briga por vaga na Libertadores de 2016, no campeonato deste ano foi registrado contra o Figueirense: 25.930 pagantes. O do Remo, 34.780 espectadores nas quartas de final da Série D, contra o Operário. A hegemonia dos estádios lotados deu o apelido de “torcida mais apaixonada da região norte” aos azulinos.

Sócio-torcedor

Outro campo que o Remo vem surpreendendo é no número de sócios-torcedores. O clube é o 16º no ranking do Movimento por um Futebol Melhor com 13.321 torcedores, mas ultrapassou Fluminense, Grêmio, Santos e Cruzeiro como o time que mais conquistou sócios este ano. Está em oitavo lugar com média de 1.151,1 associados por mês.

O programa de sócio foi reestruturado no começo do ano, o Nação Azul, e vem fazendo ações pontuais de marketing para aumentar a fidelização dos torcedores. Para o jogo deste domingo, por exemplo, um carro será sorteado para quem comprar o ingresso do jogo decisivo contra o Botafogo-SP. Um sistema de “perdão” também foi lançado pela direção. O sócio inadimplente seria perdoado da dívida se pagasse uma mensalidade atrasada mais a do mês vigente.

A história do Remo é marcada por muitas dificuldades financeiras. Em 1908, o clube perdeu a sede por conta de uma severa crise e foi extinto. Três anos depois, após o contrato de aluguel da antiga sede ter terminado com um estabelecimento comercial, um grupo de onze azulinos reabriu o clube.

Os anos 90 foram dourados. Em 1991 o Leão fez a melhor campanha de um time nortista na Copa do Brasil e dois anos depois repetiu o feito com o oitavo lugar na Série A do Campeonato Brasileiro. Após o feito, o Remo passou a competir na Série B, caindo para a terceira divisão em 2005.

Em 2014, já na quarta divisão, apostou alto no elenco gastando R$ 600 milhões, o que causou atrasos de salários e greve de jogadores. Desde então, o time passa por momentos delicados. 

Em junho, alguns torcedores se mobilizaram para ajudar o Remo a pagar os salários atrasados dos funcionários. Um movimento foi criado, o Unidos pela Luta, e reuniu 22 pessoas que andavam pelas arquibancadas com uma urna para doação. O valor era simbólico, apenas R$ 1 e rendeu ao clube R$ 8.693,91.

Apesar da crise, a direção seguiu firme no propósito de novos sócios. Em agosto lançou a campanha Pelo Remo Somos Leões. Na ocasião o clube estava em 18º lugar no ranking do Movimento por um Futebol Melhor. No mês seguinte, foi o quarto com mais adesões. A diferença de receita bruta entre o começo de fevereiro e setembro de 2015 foi de R$ 101.061,51. Valor que ajudou a levantar o clube paraense.

Os planos disponíveis aos torcedores tem custo acessível. O mais barato – ferinha custa R$ 9,99 por mês e é voltado para o público infantil, os associados do ferinha tem a chance de entrar em campo com os jogadores em dias de jogo. O mais caro – Executivo que custa R$ 150 mensal, dá direito a um setor exclusivo do estádio. Todos os planos têm descontos no ingresso, nos produtos oficiais do clube e nas redes filiadas à Nação Azul, além de direitos sociais e participações em promoções.

A receita de público é mais um destaque da temporada. O clube arrecadou R$ 3.471.030 dos R$ 7,5 milhões acumulados nos 184 jogos disputados até agora na Série D. Isso corresponde a 45,2% de toda renda bruta do torneio.

Fonte: IG