Piauí tem menor área com esgotamento no semiárido, diz estudo do Insa

O Piauí é o estado do semiárido com o menor número de áreas urbanas beneficiadas com sistema de esgotamento sanitário. Isso é o que constatou a pesquisa “Esgotamento Sanitário: Panorama para o Semiárido brasileiro”, lançada pelo Instituto Nacional do Semiárido (Insa), publicada nesta semana pela entidade. São apenas 4% dos municípios piauienses atendidos. O Ceará conta com a maior cobertura.

De acordo com o relatório do Insa, dos 1.135 municípios da região, apenas 243, ou seja, apenas 21% das sedes municipais, realizam a coleta de esgoto sanitário. Nesses que coletam, o serviço ainda não consegue atender a toda população envolvida, pois menos da metade (44%) é beneficiada. Isto quer dizer que, das mais de 7,3 milhões de pessoas que vivem nestas áreas, só cerca de 3,2 milhões são devidamente atendidas. Essa percentagem de população urbana atendida é inferior à média nacional, que alcança 55,5% de atendimento à população urbana.

De acordo com os dados, analisando a abrangência estadual do sistema de coleta de esgoto sanitário, constatou-se que nos semiáridos cearense (45,3%), mineiro (41,2%) e potiguar (27,2%) os percentuais de sedes atendidas são superiores à do Semiárido (21,4%), enquanto os demais estados ficam bem abaixo, como é o caso do semiárido piauiense, que apresentou apenas 3,9% das sedes beneficiadas.

Isso corresponde a um grande volume lançado diretamente em valas a céu aberto ou em corpos hídricos. “Esta atitude expõe a população a diversos tipos de problemas de saúde (existem mais de 100 doenças que podem ser causadas por falta de saneamento), além de agredir o meio ambiente”, indica o relatório.

Outro ponto analisado no panorama é a extensão da rede de esgoto, na qual o Piauí apresenta o menor número, com apenas 79 km e 8.609 ligações de esgotos domiciliares, enquanto a Bahia apresenta 2.206 km e 253.116 ligações. A pesquisa estima que, no total a rede que atravessa as cidades do semiárido tem pouco mais de 8 mil quilômetros. O número é seis vezes menor do que a rede de abastecimento de água. No Semiárido alagoano, essa diferença chega a ser 31 vezes menor.

Nos 8.235 km de rede de coleta de esgoto da região semiárida foram registrados 56.993 extravasamentos, ou seja, 6,9 extravasamentos para cada quilômetro de rede, tendo um tempo médio de reparo de 47,8 horas para cada extravasamento. Os semiáridos piauiense, sergipano, potiguar, cearense, paraibano e mineiro apresentaram as melhores condições de operação da rede de coleta, com menos de 5 extravasamentos por km. Quanto à duração média dos reparos, os semiáridos pernambucano (97,5 horas/extravasamento) e cearense (54,7horas/ extravasamento) registraram os piores índices.

Com os dados ficou comprovado que “a universalização dos serviços de coleta de esgoto sanitário está longe de ser uma realidade no Semiárido brasileiro, visto que 78,6% das sedes municipais não dispõem do serviço”, conclui o documento.

Diego Iglesias Redacao@cidadeverde.com