MP e Sesapi discutem atenção no combate ao suicídio

O Ministério Público do Estado do Piauí aderiu à campanha Setembro Amarelo, cujo objetivo é promover a valorização da vida e fomentar a prevenção ao suicídio. Na tarde de ontem (01/09), a 12ª Promotoria de Justiça de Teresina, que é especializada na defesa do direito à saúde, promoveu uma reunião com o objetivo de viabilizar a elaboração de uma política estadual de enfrentamento ao suicídio. Nesse primeiro encontro de trabalho, foi discutida a possibilidade de formação de uma equipe capacitada para acompanhamento e tratamento de pacientes com pensamentos suicidas, em âmbito estadual.

A reunião foi coordenada pelos Promotores de Justiça Márcio Franca e Karla Daniela Carvalho, ambos com atuação junto à 12ª Promotoria de Justiça. A Secretária-Geral do Ministério Público, Cléia Fernandes, também participou. O Secretário de Estado da Saúde, Francisco Costa, marcou presença, juntamente com o Diretor do Hospital Areolino de Abreu, Ralph Webster Trajano, e com servidoras da Gerência de Atenção à Saúde Mental (GASM/SESAPI).

O Promotor de Justiça Márcio Franca chamou atenção para os numerosos casos de suicídio registrados no Piauí. “O suicídio é um problema de saúde pública. É necessária a execução de um programa integrado de prevenção ao suicídio, com treinamento de equipes especializadas e integração das linhas de socorro imediato com os serviços de atendimento médico-psiquiátrico”, declarou ele.

O Ministério Público também defende o pronto encaminhamento de pacientes potencialmente suicidas aos Centros de Referência Psicossocial (CAPS) ou ambulatório especializado, a implantação de serviços de emergência com entrevista, o treinamento de médicos, a inclusão de amigos nos serviços de atendimento ao paciente em risco de suicídio e o envolvimento do CRAS e do CREAS, que devem promover atividades para as faixas etárias de risco.

Já a Promotora de Justiça Karla Daniela Carvalho lembrou da necessidade de articulação entre os serviços públicos estaduais, as organizações não governamentais e e os serviços já oferecidos a nível municipal. “As campanhas preventivas são muito importantes, bem como a definição de uma rede de encaminhamento desses pacientes, desde o acolhimento na atenção básica”, frisou. A Secretária-Geral do MP, Cléia Fernandes, que também está trabalhando a temática do Setembro Amarelo no âmbito do programa institucional de saúde e qualidade de vida no trabalho, registrou a importância da capacitação entre diversas classes de profissionais, inclusive na área de comunicação, para que o suicídio, como assunto delicado que é, seja adequadamente abordado pela mídia.

De acordo com Francisco Costa, a SESAPI buscará celebrar parcerias com os municípios para a implantação dos serviços voltados à questão. O secretário declarou que será desenhada uma rede no estado, com acolhimento, realização de oficinas e criação de leitos de atenção psicossocial nos hospitais de referência. “Trabalharemos na formação de grupos específicos para atenção a pacientes com pensamentos suicidas, principalmente nas cidades com grandes índices. Nas cidade de Picos e Parnaíba, por exemplo, apesar da superlotação nos hospitais regionais, empreendemos esforços para a implantação de leitos psicossociais, na rede privada”, destacou.

O psiquiatra Ralph Webster Trajano informou que, atualmente, não há psicólogos de plantão, nem mesmo na rede particular. Destacou que deve ser dada prioridade às faixas etárias clássicas de risco: jovens e idosos. “Os ideais de suicídio nos municípios de Teresina, Parnaíba e Picos guardam íntima relação com o uso abusivo de álcool e outras drogas”, relatou.

Entre os encaminhamentos da reunião, estão: treinamento de equipes especializadas em suicídio, bem como a integração de todos os serviços – aplicativos de celular, linhas de telefone, emergências, ambulatórios especializados, CAPS e outros serviços comunitários; implantação de programas de atenção aos pacientes com pensamentos suicidas, com ambulatórios e hospitalização nos centros de saúde, nos CAPS e nas unidades de urgência, e com leitos psiquiátricos, em hospitais gerais ou particulares que tenham a condição clínico-administrativa de atender pacientes que tentaram suicídio; criação de equipe especializada em suicídio em cada município que possui hospital regional, com entrevistas motivacionais, telefonemas e visitas domiciliares, atendimento dos pacientes com pensamentos suicidas, prestação de orientações e atendimento a familiares dos pacientes com pensamentos suicidas, mais atendimento de familiares de pessoas que praticaram suicídio; integração das linhas de socorro imediato com os serviços de atendimento médico-psiquiátrico, com inclusão de amigos e membros solidários da família; criação de coordenadoria específica de atenção a pacientes com pensamentos suicidas; e criação de grupo condutor de atenção a pacientes com pensamentos suicidas, dentre outras medidas. Foi fixado o prazo de 30 dias para a execução de todas as providências.

 

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