Atlas da Violência: de cada 100 pessoas que sofrem homicídio no Brasil, 71 são negras

É uma tragédia social os números do Atlas da Violência divulgados nesta segunda-feira (5 de junho de 2017). Segundo o levantamento de cada 100 pessoas que sofrem  homicídio no Brasil, 71 são negras. No Piauí, o número de assassinatos de mulheres cresceu 65% em cinco anos no Estado.

O Cidadeverde.com divulga um resumo dos principais dados nacionais e locais sobre a pesquisa que foi feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão ligado ao governo federal, em parceria com a ONG especializada no assunto, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O documento tem 61 páginas. 

Dados inimagináveis:

Segundo o estudo, em três semanas são assassinadas no Brasil mais pessoas do que o total de mortos em todos os ataques terroristas no mundo nos cinco primeiros meses de 2017, que envolveram 498 atentados, resultando em 3.314 vítimas fatais. 

Mais de 318 mil jovens foram assassinados entre 2005 e 2015 De cada 100 pessoas que sofrem homicídio no Brasil, 71 são negras.  Estima que o cidadão negro possui chances 23,5% maiores de sofrer assassinato em relação a cidadãos de outras raças/cores. Negro e jovem sem estudo são maiores vítimas de violência Atlas da Violência aponta 59 mil homicídios no País em 2015 Sete em cada dez homicídios no Brasil em 2015 foram com armas de fogo Homicídios cresceram 22,7% em dez anos no país no País  Taxa de homicídios no Piauí recua pela 1ª vez em oito anos Em 2015, 4.621 mulheres foram assassinadas no Brasil Em 2015 foram 31.264 homicídios de jovens entre 15 e 29 anos

O Atlas adverte também que as maiores diminuições nas taxas de homicídios no período, que aconteceram no Espírito Santo (-27,6%), Paraná (-23,4%) e Alagoas (-21,8%). Por outro lado, o substancial crescimento da taxa de homicídios nos últimos cinco anos nos estados de Sergipe (+77,7%), Rio Grande do Norte (+75,5%), Piauí (+54,0%) e Maranhão (52,8%) é extremamente preocupante e deveria despertar todas as atenções do poder público e da sociedade em geral. 

O Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), em sentença do dia 16 de fevereiro de 2017, no Caso Favela Nova Brasília. O Estado brasileiro foi condenado pelas falhas e demora na investigação e sanção dos responsáveis pelas execuções extrajudiciais de 26 pessoas durante operações realizadas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro nessa comunidade do Complexo do Alemão, em 1994 e 1995. 

 

O alerta deixado pelos estudiosos do Atlas da Violência

"É um filme que se repete há décadas e que escancara a nossa irracionalidade social. Não se investe adequadamente na educação infantil (a fase mais importante do desenvolvimento humano). Relega-se à criança e ao jovem em condição de vulnerabilidade social um processo de crescimento pessoal sem a devida supervisão e orientação e uma escola de má qualidade, que não diz respeito aos interesses e valores desses indivíduos. Quando o mesmo se rebela ou é expulso da escola (como um produto não conforme numa produção fabril), faltam motivos para uma aderência e concordância deste aos valores sociais vigentes e sobram incentivos em favor de uma trajetória de delinquência e crime".

 

Flash Yala Sena (Com informações do Ipea) yalasena@cidadeverde.com