Wesley Batista, da J&F, que é dona de empresas como JBS e Alpargatas - Paulo Fridman / Bloomberg
Apesar das pressões do BNDES, a família Batista não está disposta a abrir mão do comando da JBS e cogita como sucessor Wesley Batista Filho. Donos de 42% do capital da processadora de carnes, os Batista vão esperar a análise pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) da reclamação, apresentada na sexta-feira pelos advogados do grupo, contra a prisão de Wesley Batista.
Presidente da JBS, Wesley foi detido na terça-feira por suposto crime de inside information em operações com ações e dólares, realizadas pouco antes da divulgação da delação fechada por ele e seu irmão, Joesley, com a Procuradoria Geral da República (PGR).
Um pedido de habeas corpus foi negado pela Justiça Federal de São Paulo na quinta-feira. A expectativa, agora, segundo fonte próxima da empresa, é de que a decisão do STJ seja rápida e a prisão, que os advogados alegam ser injusta e ilegal, seja revista. Neste caso, Wesley retomaria o posto de presidente da JBS e cumpriria seu mandato, que termina em 2018.
Contudo, se a prisão de Wesley não for revista, o conselho de administração da JBS deve convocar uma reunião para deliberar sobre a sucessão de Wesley Batista.
— E a expectativa é de que a convocação do conselho seja rápida — diz uma fonte.
Os nomes ventilados até aqui para uma eventual sucessão de Wesley para comandar a JBS eram os do presidente do Conselho Tarek Farahat, e de Gilberto Tomazoni, presidente global da JBS. A família Batista, contudo, passou a cogitar um terceiro nome para a sucessão: o de Wesley Batista Filho.
— Esta é sim uma hipótese, que passou a ser considerada pela família — diz a fonte.
Filho de Wesley, o jovem executivo de 26 anos é presidente da divisão de carne bovina da JBS USA, e está na empresa há sete anos, período em que teve um ótimo desempenho, na avaliação dos controladores.
Caso opte por Wesley Filho, os Batista não teriam problema em aprová-lo no conselho de administração, onde tem cinco dos nove assentos do colegiado.
O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, tem defendido o afastamento dos Batistas do comando da empresa, sob a alegação de que o envolvimento de Wesley e Joesley em atos revelados na delação, que acabou suspensa pela PGR, poderia contaminar os negócios da companhia.
Em agosto, o BNDES chegou a convocar uma assembleia extraordinária de acionais para deliberar sobre o afastamento dos Batista da direção da JBS. E entrou com uma ação na Justiça pedindo que a família fosse impedida de participar e votar na assembleia.
As ações, contudo, foram rejeitadas, pois o estatuto da JBS e do Novo Mercado, em que a empresa está listada na B3 (ex-BM&F Bovespa) estabelece que conflitos entre acionistas sejam tratados em processos de arbitragem.
A J&F, holding da família Batista que controla a JBS, já iniciou o processo e indicou um representante para a arbitragem.
O BNDES deve fazer o mesmo na próxima semana. Depois disso, os dois “árbitros”escolherão um terceiro nome que presidirá as discussões da câmara arbitral.
Fonte: O Globo