Paulo Machado lança nova edição do livro "A paz do Pântano" nesta sexta-feira (23)

O advogado, poeta e historiador Paulo Machado recebeu uma visita inesperada e uma grata surpresa há alguns meses, em sua casa, no bairro Cabral: uma proposta para fazer a segunda edição do seu livro, a "Paz do Pântano". Convite aceito, o lançamento da nova edição está marcado para sexta-feira (23) na Casa da Cultura, a partir das 19 horas, com entrada franca. A nova tiragem será realizada pela Casa da Cultura e Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 36 anos após a 1ª edição, que data do ano de 1982.  A 1ª edição foi publicado pelo próprio autor, após seis anos de pesquisa, análise de documentos e elaboração do texto poético. Para Machado, a "poesia não surge do nada", pois é preciso coletar o material, refletir e produzir o material desejado.  "A Paz do Pântano" é um poema épico. Uma resposta ao confronto de ideias entre a memória coletiva dos moradores de Teresina e os textos publicados nos jornais da época. Paulo Machado conversava com os moradores e visitava o Arquivo Público, no Centro de Teresina, para fazer o contra-ponto do que ouvia com o que estava escrito. Será mesmo se os moradores se sentiam representados? Paulo foi atrás dessa resposta e você poderá conferir no livro.  "Eu tenho consciência de que a memória oral e a história oral devem ser consideradas para quem quer que queira produzir um texto que guarde fidelidade com o processo histórico. Foi isso que me motivou a fazer essa coleta dos fragmentos de uma memória coletiva e, a partir dessa coleta, produzir um texto poético que informasse e estimulasse ao possível leitor a se sentir incentivado a ir em busca dessa identidade cultural. Na produção da história escrita, o historiador ao produzir o texto toma deliberações de ocultar determinados episódios e personagens", comentou Paulo Machado.

Memória coletiva Ao mesmo tempo, o livro faz o leitor pensar a descaracterização da memória coletiva. Exemplo disso é que no poema as ruas estão com os nomes ainda do projeto original de João Isidoro França, como a Rua Bela que, agora, Rua Senador Teodoro Pachêco.  Paulo Machado comenta que a perda da memória coletiva acontece a cada desaparecimento das primeiras edificações como, a exemplo, a casa dos seus avós, na qual passou a infância e a adolescência, hoje ser um estacionamento rotativo. A residência era um edificação do ano de 1902 e perdeu a sua existência para a especulação imobiliária, conta o poeta.  "Estamos perdendo a memória cultural, arquitetônico da nossa cidade, de uma maneira muito intensa. O projeto de João Isidoro França está comprometida,  descaracterizada, não é mais área residencial, é comercial, prestação de serviço. Eu continuo observador, sempre gostei de observar".  "Não é só a casa que desaparece, mas toda a memória coletiva da cidade que tende a desaparecer também. Digo que tende a desaparecer porque não desaparece, na sua totalidade, porque as vivências são repassadas (muitas vezes, oralmente) aos sucessores daquela família", ressalta o escritor.  O livro tem o recorte do que seria a cidade planejada pelo Mestre João Isidoro da Silva França, onde a primeira comunidade vivem em Teresina, que está "completamente descaracterizada". Esse recorte corresponde ao que hoje é a Avenida Maranhão até a Rua 24 de Janeiro, que nem é mais área residencial, é um misto de área comercial com prestação de serviços. 

O autor

Paulo Henrique Couto Machado nasceu em Teresina, em 1956.  Advogado, defensor público, poeta e contista. Pertence à Geração Pós-69. Participou de coletâneas e antologias, ganhou alguns prêmio literários. Na década de 70, fez política estudantil e editou, ao lado de companheiros de geração, o jornal mimeografado "ZERO". Integrou o grupo responsável pela edição do jornal alternativo "Chapada do Corisco", em 1976 e 1977, em Teresina. Publicou "Tá Pronto, Seu Lobo?" e "A Paz do Pântano", livros de poesia. Integra a comissão editorial de literatura da revista Pulsar.   

Carlienne Carpaso carliene@cidadeverde.com