Em 1ª conversa com ministro chinês, novo chanceler discute cooperação para insumos de vacina

Foto: Marcos Correa/PR O novo ministro das Relações Exteriores, Carlos França, conversou, na noite de sexta-feira (9), com o ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi. Trata-se da primeira conversa de França com o chefe da diplomacia da China, um dos principais fornecedores de insumos para vacinas contra a Covid-19 e país que esteve no centro do processo de fritura que culminou com a demissão do ex-chanceler brasileiro, Ernesto Araújo. De acordo com o Itamaraty, os ministros "concordaram na urgência do combate à pandemia e da cooperação em vacinas, IFAs [ingrediente farmacêutico ativo] e medicamentos". "Autoridades dos dois países estão em contato permanente para agilizar as remessas, essenciais para salvar vidas", afirma o ministério, em nota. "Trataram também das promissoras perspectivas em comércio e investimentos. Conversaram sobre a evolução positiva do relacionamento sino-brasileiro e os números crescentes do comércio -recorde de US$ 102,6 bilhões [R$ 583 bilhões] em 2020". De acordo com interlocutores, França e Wang abordaram na conversa o pedido feito pelo governo brasileiro em março pelo envio de 30 milhões de doses da vacina fabricada pela empresa Sinopharm. Autoridades brasileiras acreditam que o lote poderá ser enviado ao Brasil até o final do ano. Segundo relatos, Wang disse que cooperaria com o pleito brasileiro de tentar viabilizar a venda. m seu discurso de posse, na terça-feira (6), França prometeu engajar o Itamaraty numa "verdadeira diplomacia da saúde". Ele destacou que "as missões diplomáticas e os consulados do Brasil no exterior estarão cada vez mais engajados numa verdadeira diplomacia da saúde". "Em diferentes partes do mundo, serão crescentes os contatos com governos e laboratórios, para mapear as vacinas disponíveis", disse. "São aportes da frente externa que devemos trazer para o esforço interno de combate à pandemia. Aportes que não bastam em si, mas que podem ser decisivos." O primeiro pronunciamento de França à frente do Itamaraty contrastou com as declarações do ex-chanceler, Ernesto Araújo. Expoente da ala ideológica, Ernesto costumava utilizar seus discursos para defender o combate do comunismo, além de ter acumulado um histórico de ataques à China. A principal crítica ao ex-titular do Itamaraty foi seu histórico de rixas com país asiático, um dos principais fornecedores de insumos para imunizantes e de medicamentos no mercado internacional. Uma das maiores preocupações da nova gestão no Itamaraty é tentar manter um fluxo de matérias primas que garanta o cronograma de produção de imunizantes do Instituto Butantan -que fabrica no Brasil a Coronavac– e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) –responsável por produzir doses da AstraZeneca. O Butantan, por exemplo, está com o envase da Coronavac paralisado enquanto espera por mais IFA. O envase já havia sido paralisado em outros momentos. A entrega da matéria-prima era esperada para a semana atual, mas houve um atraso e o Butantan conta com a chegada para a próxima semana. Apesar do adiamento no recebimento da matéria-prima, o instituto afirma que o cronograma de entrega de doses não será afetado.

Fonte: Folhapress