O melhor e o pior do Festival de Cannes;Veja

Acabou-se. Como esperado, a glória foi dividida entre os dois filmes que desde o primeiro momento capturaram as poucas unanimidades da Croisette: Das Weisse Band, drama de guerra de Michael Haneke (Palma de ouro) e Un Prophete, drama de crime de Jacques Audiard (Grand Prix do Júri, que equivale a um segundo lugar). Ambos têm bom distribuidor nos EUA, a Sony Classics, o que já dá a dica para o que pode acontecer no final do ano...         Charlotte Gainsbourg levou a Palma de melhor atriz, certamente pela coragem emocional de cometer cenas de mutilação sexual explícita para as câmeras voyeuses da eterna bête noire Lars Von Trier, o Anticristo (a brincadeira é dele mesmo, nos créditos do filme). E Cristoph Waltz, que é austríaco, ficou com a solitária Palma para um filme norte-americano: melhor ator por Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino.       Aqui paro para fazer meu primeiro comentário: olho nele. O personagem de Waltz em Bastardos,  Coronel Hans Landa, é o mais bem escrito do roteiro de Tarantino, um desses vilões suculentos e complexos que fazem carreiras. Meu palpite é que, com todos os problemas do filme (continuem lendo...) Waltz vai longe.       O que aconteceu atrás do pano:   - Brigas sérias na sala do juri, dividido ao meio, por conta, em grande parte , do prêmio a Charlotte Gainsbourg - e o gênio tempestuoso da presidente Isabelle Huppert. - Palma de simpatia: Terry Gilliam, que defendeu bravamente as cores de um filme feito com sangue, suor e lágrimas, carregou lindamente a carga emocional do adeus a Heath Ledger e ainda anunciou que seu malsinado Don Quixote vai finalmente ser filmado. - Dever de casa para Tarantino: Bastardos vai voltar para a ilha de edição para, me contam, um "polimento drástico" antes de sua estréia americana, dia 21 de agosto. - O mercado: morno. Todo mundo pensando um bocado e contando os tostões antes de adquirir filmes.   - Muito papo na linha: Cannes ainda importa? Ainda faz sentido? Conclusão aparente: sim, mais do que nunca. Corre o risco de se tornar, talvez, por um bom tempo, uma ilha solitária, no Mediterrâneo, onde cinema como exercício de idéias ainda sobrevive.       Vencedores:   - Palma de Ouro de melhor filme. "Das weisse Band" ("A Fita Branca", em tradução livre), de Michael Haneke (Áustria).   - Grande Prêmio do Júri. "Un Prophète", de Jacques Audiard (França).   - Prêmio de melhor direção. Brillante Mendoza (Filipinas), do filme "Kinatay"   - Prêmio de melhor roteiro. Feng Mei, do filme "Spring Fever" (China).   - Prêmio de melhor atriz. Charlotte Gainsbourg (França), por seu papel em "Anticristo", do dinamarquês Lars von Trier.   - Prêmio de melhor ator. Cristoph Waltz (Áustria), por seu papel em "Bastardos Inglórios", do americano Quentin Tarantino.   - Prêmio do júri. "Fish Tank", de Andrea Arnold (Reino Unido), e "Thirst), de Park Chan-Wook (Coreia do Sul).   - Prêmio Especial do Festival de Cannes. Alain Resnais (França).   - Palma de Ouro de melhor curta-metragem. "Arena", de João Salaviza (Portugal).   - Menção especial (curta-metragem) "The Six Dollar Ffty Man" (Nova Zelândia), de Mark Albiston e Louis Sutherland.      

Fonte: Uol

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