CRM alerta para uso de anabolizantes com fins estéticos e reforça fiscalização no Piauí

Fotos: Renato Andrade/Cidadeverde.com

O Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI) reforçou a fiscalização da prescrição de terapias hormonais com esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA) com fins estéticos em todo o estado. A medida atende uma normativa do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Segundo a entidade, não há comprovação científica dos benefícios e da segurança dessas terapias, além da ausência de estudos clínicos de boa qualidade que demonstrem os reais riscos associados a esses hormônios em níveis acima dos fisiológicos, tanto em homens quanto em mulheres.

Conselheiro do CRM-PI e presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional Piauí (SBEM-PI), o médico Wallace Miranda, pontua que a medida leva em consideração os riscos quando administrados apenas para fins estéticos e não reposição hormonal. 

“Não temos uma dosagem segura. Quando a pessoa tem deficiência hormonal, tudo bem, mas quando não tem, não existe dose segura. O fígado é principal afetado, mas também afeta outros órgãos, como o coração, proporcionando mais infartos agudos do miocárdio e acidente vascular”, disse. 

Demais riscos 

O especialista ainda cita outras consequências do uso dessas substâncias para homens e mulheres como infertilidade, alterações permanentes na voz, insuficiência hepática, além de transtornos psiquiátricos, como depressão, ansiedade e o vício no uso das medicações. 

“São pessoas jovens, que têm a vida toda pela frente, mas colocam a vida em risco por conta de um procedimento estético. Muitas vezes os danos são irreversíveis como a lesão de órgãos e a infertilidade, que é uma coisa irreversível nesse caso”, enfatizou. 

Além de casos com repercussão nacional, o endocrinologista pontua casos de pacientes locais que ficaram em estado grave após reações ao uso de anabolizantes. Apesar de não haver um estudo, o CRM possui registros de pessoas que deram entrada em hospitais por conta dessas substâncias. 

“Temos exemplos, como o famoso ‘Dr. Bumbum’ que aconteceu no Rio de Janeiro, onde o paciente acabou morrendo. Aqui em Teresina já tivemos paciente jovem que foi para a UTI e por conta disso. Outro caso é o do cantor Netinho, que foi para UTI por conta do uso de anabolizantes”, listou. 

Fiscalização

O conselheiro do CRM enfatiza que o órgão irá intensificar o trabalho de fiscalização da normativa que proíbe a prescrição dessas substâncias para fins estéticos, inclusive em parceria com outros conselhos de classe da área de saúde como educação física, nutrição e fisioterapia. 

“O CRM tem que ser provocado, mas também fazemos a busca ativa onde vamos atrás. Temos uma equipe que vai atrás de possíveis pessoas que descumprem a normativa. Além da prescrição, o CFM proibiu os cursos que ensinam a fazer essa prescrição”, lembrou.

Por outro lado, Wallace Miranda destaca o papel do paciente neste trabalho de controle de abusos. “Se a pessoa observar que está sendo lesada, deve fazer a denúncia. Nesse caso, o médico pode sofrer um processo, tanto no Conselho como na Justiça e perder seu registro”, alertou. 

As denúncias quanto a prescrições médicas irregulares dessas substâncias podem ser feitas de forma anônima, via e-mail, telefone ou diretamente no site do CRM-PI.

 

Breno Moreno redacao@cidadeverde.com