Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com
Por Yala Sena
“Vocês sabem qual vai ser, pela projeção, o ano mais quente daqui para frente?", pergunta o pesquisador Luciano Paez, durante a conferência do Clima em Teresina, o Clima THE24. A resposta é perturbadora: “Todos os próximos anos. Será em 2024, vai ser em 2025 e assim vai. 2023 foi o ano mais quente nos últimos 250 mil anos da história do planeta terra”, disse Luciano que fez história ao gerir a primeira secretaria do clima do Brasil.
Veja também:
Clima THE24: Teresina assina acordo de prática de resfriamento para reduzir temperatura em 2% No ClimaTHE, Dr. Pessoa diz que faltou apoio para transposição dos Rios Parnaíba e Poti; obra custaria R$ 100 milhõesEle ressaltou que o aquecimento global é um fenômeno da natureza agravado pelo homem. Ele informou ainda que o desgelo da calota no Ártico vai afetar o nível dos oceanos no mundo. O derretimento já chegou a 7,7 milhões de quilômetros quadrados e agora em 2019, dado mais recente, é de 4,2 milhões de quilômetros quadrados.
“O mar já está avançando muito porque é uma região costeira de baixa declividade, ou seja, então o mar tem uma entrada muito grande, assim como diversas áreas costeiras daqui do Nordeste também. Esse é um problema gravíssimo”, disse Luciano Paez. Segundo ele, as cidades em rápida expansão enfrentam piores riscos climáticos.
Ele informou que Niterói fez a aquisição de um radar meteorológico para fazer alertas e prevenção em períodos de chuvas fortes. Em 2010, Niterói enfrentou deslizamentos e quase 50 pessoas foram mortas na tragédia do Morro do Bumba.
Ele alertou que os gestores precisam adotar medidas urgentes que vai desde ações concretas, levantamento de dados e mobilização da sociedade, setores públicos e academia.
“A questão do clima deixou de ser uma pasta paralela, acessório é preciso de ações concretas se não vidas serão ceifadas”, disse Luciano Paez.
O ClimaTHE24 tem parceria com o ICLEI, que é a maior rede de apoio sustentabilidade na mudança climática presença em mais de 150 países.
“O ICLEI representa na agenda do clima e da biodiversidade em âmbito global e promove, por um lado, a ação local de enfrentamento à crise climática, e por outro lado, busca influenciar as agendas globais para favorecer os municípios no sentido de acesso a recursos financeiros e a cooperação técnica”, disse Rodrigo Perpétuo.
Alerta sobre o Nordeste
“No caso do Nordeste, por exemplo, as cidades costeiras, sofrem também com aumento do nível do mar. Então os estudos que a gente faz de planejamento climático partem de diagnósticos, identificando as tipologias que incidem no território com mais frequência. E como proteger a população. Isso requer políticas de habitação, isso requer políticas de drenagem, macrodrenagem, políticas de arborização e conectividade ecológica nas cidades para trabalhar tanto na perspectiva mais ampla como na perspectiva do microclima”, disse Rodrigo Perpétuo.
O ClimaTHe segue até quarta-feira (29), no Sesc Cajuína. O evento traz debates sobre as mudanças climáticas.
A conferência conta com a participação de especialistas, autoridades governamentais, instituições financeiras e universidades, além de sediar o 3º Encontro Regional do ICLEI Nordeste e o CB27, a reunião nacional dos secretários de Meio Ambiente.