Embraer encontra dificuldades e pode fechar fábrica na China

A Embraer pode fechar sua unidade industrial em conjunto com empresas chinesas em Harbin, pela falta de pedidos e por dificuldades para conseguir permissões do governo chinês. A decisão deve ser tomada em meados de 2010, segundo o diretor-presidente da empresa, Frederico Curado. 

Os problemas de operação no gigante asiático se agravaram quando a sócia da Embraer no projeto, China Aviation Industry Corporation (Avic) II, se uniu à Avic I para criar a Commercial Aircraft Corporation of China (Cacc), que comercializa o ARJ21 - avião desenvolvido no país para levar 90 pessoas, concorrente direto dos E-Jets brasileiros.

Em parceria com a Avic II, a Embraer produz na planta de Harbin (no nordeste da China) o jato ERJ-145, com cerca de 50 assentos. A fábrica emprega em torno de 200 pessoas e tem capacidade para produzir até 24 jatos regionais do modelo por ano.

Em maio deste ano, a aérea chinesa Hainan reduziu o volume de pedidos firmes de jatos modelo 145 de 50 para 25 unidades e agora a Embraer tem apenas mais dez aeronaves para produzir - com previsão de entrega para o primeiro semestre de 2011. Se não houver mais pedidos, a joint-venture criada em 2002 pode ser desfeita.

"Não temos expectativas de fabricar estes aviões lá. Está bem difícil vender. Uma das possibilidades é a descontinuação do projeto, mas ainda não está nada decidido", disse o vice-presidente da Embraer para aviação comercial, Mauro Kern.

Segundo ele, com a crise global o governo chinês dificultou ainda mais a entrada de produtos estrangeiros no país, com objetivo de resguardar as empresas locais. Em fase de certificação final, o concorrente ARJ21 tem mais de 100 encomendas, a grande maioria para aéreas chinesas. 

Em novembro, a General Electric foi a primeira empresa internacional a fechar acordo com a Cacc para venda de cinco jatos, um negócio estimado em US$ 750 milhões, com opção de compra de mais 20 unidades do modelo projetado no país.

A esperança da companhia brasileira é conseguir permissão para comercializar os E-Jets (aviões de médio porte, entre 78 e 110 assentos) no mercado chinês e manter a fábrica de Harbin. Para facilitar o acesso aos aviões brasileiros, a Embraer fechou na última sexta-feira um acordo com a chinesa CDB Leasing para financiamento e leasing de aeronaves que pode alcançar até US$ 2,2 bilhões nos próximos três anos.

A Embraer prevê demanda de 875 jatos de 30 a 120 assentos nos próximos 20 anos na China, representando 13% das entregas mundiais neste segmento. Por isso, a empresa brasileira vai esperar até o próximo ano para resolver sua situação na China. "A decisão sobre o que será feito da operação na China deve ser tomada em meados de 2010", afirmou Frederico Curado.Fonte terra

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