A combinação de aumento da renda da chamada nova classe média, ou classe C, com o lançamento de produtos mais acessíveis ajudou a impulsionar o varejo no ano passado, segundo pesquisa da empresa Nielsen divulgada nesta sexta-feira (26).
A pesquisa audita lojas de vários tamanhos, de pequenas vendas até hipermercados, verificando o volume de vendas e participação de mercado de produtos em 160 categorias. Segundo a Nielsen, no ano passado as cestas de produtos pesquisadas registraram crescimento de 2,2%, em média, nas vendas.
Os produtos ligados à praticidade tiveram desempenho forte no ano passado, diz a pesquisa. Produtos como sopa pronta, fralda descartável, molho de tomate pronto e macarrão instantâneo, que reduzem o tempo gasto pelas pessoas com tarefas domésticas, tiveram crescimento.
"A classe C contribuiu acima de sua participação de mercado no crescimento dos produtos ligados à praticidade. Com o aumento de renda, as pessoas passam a consumir mais de alguns produtos básicos, como pó de café, mas também começam a atender outras necessidades", diz Carolina Dantas, executiva sênior de contas da Nielsen Brasil.
Aliado a isso, ela aponta também um esforço da indústria para lançar versões mais acessíveis ou com melhor custo-benefício desse tipo de produto que a classe C deseja consumir. "O molho de tomate pronto, por exemplo, é consumido no lugar do extrato de tomate, que precisa ser preparado. O lançamento da embalagem do tipo 'pouch' [de plástico mole] tornou o produto mais acessível", diz Dantas.
Custo-benefício
A conquista da classe C também é feita em alguns casos com embalagens maiores, de melhor custo-benefício, explica a executiva. É o caso das fraldas descartáveis e dos iogurtes funcionais, agora vendidos em embalagens de um litro.
Esse último produto faz parte de outra categoria em que a Nielsen identificou crescimento forte, chamada de "Faz Bem", que reúne produtos ligados à saúde e ao bem-estar. "É o segundo grupo com maior crescimento, depois dos produtos práticos, mas é o grupo que tem maior número de marcas com expansão", diz Dantas. Nesse grupo, a contribuição da classe C também é importante.
Outros tipos de produtos em que a Nielsen observou crescimento foram aqueles ligados à indulgência, como chocolates e salgadinhos, e os ligados à sofisticação, como sabão líquido para roupas e desodorante em spray.
Classe D
Outra pesquisa divulgada nesta sexta, da empresa Data Popular, mostra que o total do consumo da classe D vai ultrapassar o da classe B neste ano. Enquanto a classe D deve consumir R$ 381 milhões, a B deve ser responsável por R$ 330 bilhões.
Já a classe A deve consumir R$ 216 bilhões e a C, maior de todas, deve consumir R$ 428 milhões.
Segundo a pesquisa, uma das razões para a expansão do consumo da classe D é o aumento do número de famílias no grupo, com cerca de 800 mil novas famílias por ano. Para o Data Popular, a classe D deve comprar neste ano 39% dos computadores vendidos e 40% das geladeiras, além de contribuir com 25% das matrículas de novos alunos em escolas particulares.
Fonte: G1