Desabrigados ocupam 44 casas inacabadas no residencial Prado Jr

44 casas do residencial Prado Júnior, localizado no bairro Nova Teresina II, foram ocupadas por desabrigados no último final de semana. A maioria das habitações não estão sequer acabadas e seriam destinadas a pessoas cadastradas em programas através da Agência de Desenvolvimento Habitacional (ADH).

Fotos: Carlos Lustosa Filho/CidadeVerde.com

Os invasores afirmam que ocuparam os imóveis porque não têm onde morar e denunciam que muitos dos beneficiados vendem suas casas após receberem. A situação revolta os ocupantes.

Crianças levam objetos como cadeiras para as casas ocupadas.

A dona de casa, Dalva Ferreira da Silva, 33 anos, é uma das ocupantes juntamente com a irmã mais seis crianças. Elas estão em um imóvel desde a noite do último sábado. “Eu fiz a inscrição na ADH há cinco meses e nunca recebi a minha casa. Fui despejada e não tinha para onde ir. Existiam essas casas desocupadas e eu vim para cá”, declarou.

Dalva e seus três filhos estão numa casa quase sem móveis.

A invasão foi incentivada pelos líderes comunitários da região. Segundo um dos presidentes da Associação dos Moradores do Nova Theresina II, Ronaldo Marques, a ocupação das residências inacabadas é uma forma de protesto. Os imóveis chegam a ser vendidos a preços entre R$ 15 e 20 mil.

Ronaldo diz que ocupação foi forma de chamar atenção das autoridades.

“O que nós queremos é chamar atenção, porque as pessoas que ganharam as casas aqui estão vendendo. Eu acredito que de 100 casas pelo menos 90 já foram vendidas. A ADH faz um cadastro mal feito e isso acontece desde o começo do conjunto. Um dia após a entrega das primeiras 27 casas pelo governador Wellington Dias, já existiam placa de vendas”, afirmou Ronaldo Marques.

Dezenas de famílias estão ocupando os imóveis

Os imóveis ocupados estavam vazios e inacabados, sem energia e água. Eles realizam ligações clandestinas pelo residencial. O grupo de ocupantes é formado em sua maioria por mulheres com várias crianças. ADHA presidente da ADH, Ana Lúcia Gonçalves, informou ao Cidadeverde.com que foi ao residencial na última segunda-feira e está ciente do problema. Ela afirma que a agência irá tomar providências para evitar a especulação dos imóveis.

"Vamos fazer um levantamento da situação das famílias e algumas das que fizeram parte da ocupação podem ser incluídas no próximo conjunto do Nova Theresina. A família que faz especulação dos imóveis tem condição de acessar o mercado. Por isso vamos tomar medidas concretas e não vamos nos omitir", disse.

Ela afirmou ainda que pretende acionar o Ministério Público para conseguirem identificar as pessoas que vendem seus imóveis após recebê-los e que ADH iniciará nesta quarta um estudo sobre o caso.

Flash de Carlos LustosaRedação Caroline Oliveiraredacao@cidadeverde.com